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segunda-feira, 9 de março de 2020

O problema não é o VAR: é a mente humana

"O videoárbitro continua a ser o mais próximo que temos com justiça (e verdade) no futebol

Os últimos tempos trouxeram uma nova discussão para cima da mesa: os centímetros que a tecnologia utiliza para traçar uma linha entre o que é e o que não é fora de jogo.
Como é de futebol, e em particular de futebol português, que estamos a falar, a discussão faz-se aos gritos, com murros na mesa, cabelos em pé e muita indignação nas palavras. Há quem diga (por exemplo, o presidente da UEFA Aleksander Ceferín) que devia ser dada uma margem de erro.
Fala-se de dez, fala-se de vinte, fala-se de trinta centímetros. Sejam quantos forem, vão ser sempre poucos. Porque não é isso que vai tornar o VAR mais justo ou a polémica menos incendiada.
Se hoje a polémica é que é impossível ter a certeza numa jogada de fora de jogo por três centímetros, sendo dada uma margem de trinta centímetros a polémica no futuro passará a ser que é impossível ter a certeza num fora de jogo de trinta e três centímetros.
Porque vai haver sempre três centímetros para lá ou para cá da linha de fora de jogo.
A polémica, portanto, nunca vai acabar. Porque está na mente humana e não precisa de pretextos para entrar no espaço público. Por isso, e como acérrimo defensor da verdade que o VAR veio trazer ao futebol, só posso concluir que o problema não está na tecnologia: está na interpretação que fazemos dela.
Hoje Sérgio Conceição, amanhã Bruno Lage, um dia destes Ruben Amorim, todos vão procurar no videoárbitro desculpas para o insucesso.
O FC Porto, por exemplo, teve cem minutos para fazer mais um golo do que o Rio Ave, mas concentra todo o fracasso num só minuto: quando o VAR interveio.
E assim não dá.
De uma vez por todas é preciso aceitar que o VAR é o mais parecido que temos com a justiça no futebol e acreditar na verdade da tecnologia. Porque, verdadeiramente, ninguém tem razões para duvidar dela, a não ser por má fé (ou desculpas de mau pagador)."

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