"Razões circunstâncias, conjunturais e estruturais explicam o 'apagão' encarnado, que vai para além da derrota de sábado
A derrota caseira com o SC Braga correspondeu ao quinto jogo consecutivo de produção insuficiente do Benfica. Não foi, pois, um caso isolado, qual andorinha que não faz a primavera, neste inverno do descontentamento encarnado. Aliás, coube a Rúben Amorim, nome prestigiado da história benfiquista do século XXI, a honra de vencer, como treinador, pela primeira vez, na Luz, ao serviço do SC Braga. O único sucesso, até ao passado, dos arsenalistas em casa do Benfica ocorrera na distante época de 1954/1955 (ano em que o título foi para os encarnados devido ao famoso golo do sportinguista Martins, que tirou o primeiro lugar ao Belenenses no último minuto da última jornada do campeonato), no Estádio Nacional. Esse sucesso minhoto, também por 1-0, foi materializado por Mário Imbelloni que, tal como o marcador do golo da vitória no último sábado, Palhinha, teve ligação ao... Sporting.
Feita esta deriva histórica, centremo-nos no black out do Benfica, que passou a liderar a Liga sem margem de erro face ao FC Porto. Há razões estruturais, conjunturais e circunstanciais que podem explicar este apagamento. As questões circunstâncias, no que concerne à derrota com o SC Braga, podem acontecer a qualquer um e a qualquer momento, e têm a ver com a falta de eficácia. Tivesse o Benfica aproveitado melhor as ocasiões de golo de que dispôs (com tem sido, aliás, a sua imagem de marca) e outro galo por certo cantaria, mascarando, quiçá, as razões conjunturais desta revisão em baixa. E estas prendem-se com a forma deficiente de alguma unidades nucleares dos encarnados: além da falta que faz André Almeida, Ferro, Grimaldo, Pizzi e Rafa não têm atravessado um bom período e isso tem reflexos óbvios no rendimento do colectivo, quer na construção de jogo, quer na coesão defensiva. Finalmente, e quiça mais difícil de resolver sem Gabriel, surge a responsabilidade colocada sobre os ombros de Adel Taarabt de pautar o jogo da equipa e definir os seus tempos. O marroquino, vibrante e voluntarioso, não tem condições para cumprir esta missão cerebral e fria (que Pizzi, por exemplo, levou a cabo muito bem no tempo de Jorge Jesus) e a forma anárquica como interpreta a função torna ingovernável a nau encarnada.
A solução deste puzzle está com Bruno Lage, o dono das peças.
Ás
Rúben Amorim
Grande Braguinha, elevado, pelas vitórias e pela consistência, à condição de Bragão. Percorrendo o caminho, fora de casa, dos arsenalistas, deparamo-nos com uma época sem par, em Portugal e na Europa. E com a promessa de lutar pelo título, de verdade, em épocas já a seguir. Um exemplo a seguir pelos demais...
(...)
Às
Armand Duplantis
O sueco de ascendência norte-americana bateu o recorde do mundo de salto com vara duas vezes numa semana. Depois de ter voado acima dos 6,17 metros em Torun, na Polónia, Duplantis, 20 anos, acrescentou, logo a seguir, um centímetro à melhor marca mundial em Glasgow, Escócia, suscitando a velha questão dos limites humanos.
O caminho para um projecto de Benfica europeu
«Tenho este vazio de ter saído um bocadinho cedo, e por isso acho que vou voltar. Se me quiserem lá (no Benfica) acho que vou voltar»
Bernardo Silva, médio do Manchester City
A reboque da crise do City, recuperar Bernardo Silva; aproveitando a circunstância do Lille não jogar para o título, trazer de volta Renato Sanches; usando o facto da intermitência de Nélson Semedo em Barcelona, fazê-lo regressar; ponderar a compra de um bilhete de volta para Gonçalo Guedes e Ivan Cavaleiro; mais fácil ainda, recuperar Diogo Gonçalves. Benfica europeu...
Terceiro título no Flamengo para Jesus
O estádio Mané Garrincha, em Brasília, foi palco da terceira conquista rubro-negra de Jorge Jesus, desta feita na Supertaça brasileira, frente ao Athlético Paranaense. Foi um triunfo suave, construído com natural superioridade, que antecede outras duas finais, na Supertaça sul-americana e na Taça Guanabara.
Desafiar o Canhão da Nazaré
Não sei se é pela proximidade, se é, até, pela facilidade aparente com que Garett McNamara sempre cavalgou as nossas ondas gigantes, a sensação que tenho é a de que desvalorizamos o perigo de quem vai desafiar Neptuno, ciclicamente, à praia do Norte. Em 2013, Maya Gabeira esteve quase a deixar a vida na Nazaré, onde voltou em 2018 para bater o recorde do mundo, a na última semana o surfista português Alex Botelho enganou a morte naquele local, depois de queda devastadora. Quis o acaso, por força do zapping, que eu tivesse apanhado, em directo, aquele momento e os que se seguiram. E testemunhei o heroísmo das equipas de apoio, que desesperadamente enfrentaram aquele mar imenso para dar a Alex Botelho alguma hipótese, numa luta tão desigual. «Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?», escreveu um dia Fernando Pessoa, lembrando a gesta dos Descobrimentos. Desta feita, com Alex Botelho em franca recuperação, as lágrimas, que começaram a ser de desespero, são agora de alegria. Na senda de Pessoa, «tudo vale a pena, se a alma não é pequena...»."
José Manuel Delgado, in A Bola
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