"Como ficou patente pelas cenas dos últimos dias, a propósito da divulgação das nomeações dos árbitros, a única via séria para ajudar a arbitragem é a da transparência.
Deve ser dito, porém, por amor à verdade, que este complexo de sociedade secreta que mora dentro de quem anda na arbitragem, não é um mal exclusivamente nacional, é uma cultura generalizada, sem fronteiras, que só tem servido para atrasar o progresso.
No entanto, a pouco e pouco, a manutenção deste statu quo obscurantista vai-se tornando insustentável, e um dia, mais cedo do que mais tarde, o sector entrará numa normalidade que ultrapasse a lógica de seita, vigente.
Em relação às nomeações, o segredo mais mal guardado do mundo, será preferível que toda a gente saiba quem serão os árbitros, do que apenas alguns, por portas travessas...
Outras medidas deverão seguir-se, porque quem não deve não teme: por exemplo, em Espanha os relatórios dos árbitros estão on-line pouco tempo depois de acabar o jogo, o que ajuda a perceber o quê e o porquê das cosias, com vantagens para a credibilidade dos árbitros. E as sanções que são aplicadas aos árbitros quando cometem erros grosseiros, porque não são divulgadas?
Na corrente época, depois de uma dessas falhas graves, um árbitro esteve 53 dias na jarra. Não seria preferível que toda a gente tivesse conhecimento destes factos, afastando o insustentável manto de impunidade que parece cobrir os árbitros?
Ninguém duvide de que, nestes tempos de escrutínio cada vez mais apertado, a transparência é o caminho de salvação para a arbitragem."
José Manuel Delgado, in A Bola
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