"Muito se tem versado sobre vaias, abandonos prematuros do estádio, manifestações de impaciência, cadeiras vazias em lotações esgotadas, apoio aquém do esperado ou exigível e afins, ao ponto de trespassar a falsa ideia de existência de uma certa insatisfação geral entre os benfiquistas com o momento que a equipa de futebol atravessa. Nada mais falso, ou seria caso para perguntar quem salvaria o Benfica dos benfiquistas... Não nego que ocorra qualquer dos comportamentos acima referidos. O que refuto é a conclusão errada da constatação desses comportamentos. Não entendo as vaias, nunca saio do estádio antes de a equipa se juntar ao centro do relvado para saudar os adeptos a ser ovacionada, sou defensor militante da paciência redobrada que se deverá dedicar aos nossos jogadores a darem os seus primeiros passos de águia ao peito, só falho um jogo muito raramente e empresto o meu Red pass nessas ocasiões e apoio na medida que a minha personalidade me permite.
Mas não é de hoje que estranho quem se comporta de outra forma. Vou à bola há quase quarenta anos e sempre foi assim. Não há qualquer novidade, apesar das variantes do tempo em que vivemos. Os benfiquistas são e sempre foram exigentes, e sobretudo são susceptíveis às contrariedades, sejam elas reais, antecipadas ou imaginadas.
E aí reside a questão. Para o benfiquista médio, o Benfica vence por direito divino. Não ganhar é contranatura, não faz qualquer sentido. Julgamo-nos meros executantes de uma história gloriosa previamente determinada, não nos permitindo sequer, entre os mais puristas, falarmos dos adversários (mesmo que intimidem árbitros). Venham lá as cinco finais!"
João Tomaz, in O Benfica
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