"Os nossos maiores clubes querem tornar o futebol um território sem lei. Um género de faroeste, onde se pergunta: a bolsa ou a vida?
A obrigação de ganhar a qualquer preço em nome do instinto de sobrevivência de dirigentes cultural e socialmente ultrapassados ou medíocres, que comandam os nossos principais clubes, viciou a gestão das maiores sociedades desportivas. São, hoje, um género de donos sem escrúpulos de uma indústria que contamina e polui o enorme rio do futebol.
Têm a seu fervor os ventos de uma política de abstinência desportiva do Estado, que sempre considerou ser melhor não se meter em assuntos que queimam as mãos e os lugares; têm a seu favor um exército acéfalo de adeptos, que cegamente entendem a paixão clubística como uma exclusiva manifestação de vitória sobre os outros, nem que para isso o clube, que juram amar, perca a sua identidade e eles próprios percam a sua dignidade individual.
Perante o que por aí vai de desfiles de horrores de carácter, a verdade é que a intensa e descontrolada discussão do poder tem tornado o ambiente do futebol português num nojo. Cheira mal, causa vómitos, suja tudo e todos os que por obrigação ou devoção dele se aproximam.
Pergunta essencial: resta-nos a conformada contemplação do espectáculo deprimente a que diariamente se assiste fora dos estádios? Nada mais podemos fazer de que esperar sentados na esperança de que um dia isto mude, porque tarde ou cedo ira´desabar de podre? Será que podemos acreditar nesse sonho improvável de que a mudança geracional nos trará, por si só, um futuro diferente e melhor?
A questão é complexa, porque ela própria afasta e não atrai quem se disponha a participar na solução. Raros serão os cidadãos, de bem, dispostos a serem enxovalhados e atacados na sua honra, se não, mesmo, tornados alvos de violência de grupos organizados, em nome de uma batalha que poucos querem travar.
A verdade é que a tendência das pessoas mais qualificadas, racionais e íntegras será a de fugirem a sete pés deste mundo do futebol, porque todo o palco de luta pelos títulos e feito da lama, todos os candidatos parecem estar viciados em truques desleais e quem passa a porta dos bastidores, antes de confrontar os chefes maiores, tem de passar pelos seus exércitos de legionários que, à maneira do velho faroeste, a todos nos quer obrigar a escolher entre a bolsa e a vida.
Afugentados e ameaçados os que podiam trazer alguma coisa de novo, a terra do futebol dos grandes continua a ser um território sem lei. Será assim até ao final da época, até à decisão do título de campeão mais selvagem da História desportiva nacional e assim continuará na próxima época e nas outras que se seguirem se, entretanto, a necessária e urgente revolução não acontecer, muito provavelmente, tendo por razão de fundo o motivo económico (ausências de fontes de financiamento) que é, afinal, o motivo pelo qual começam e acabam todas as verdadeiras revoluções.
Ainda há quem diga para não me preocupar, porque este ambiente de caótico ruído e de balbúrdia no oeste, acaba por ser bom para vender jornais e criar audiências televisivas. Ilusão. Este ambiente, a continuar assim por mais alguns anos - e eu acredito que isso seja possível -, haverá de nos matar a todos, de nos fazer extinguir como povo de uma futebolândia destroçada.
Oiço e leio, também por aí, alguns comentadores que deixaram a superior virtude do pensamento e da actividade crítica para abraçarem, espero que não de vez, a comunicação oficial da guarda pretoriana. Alguns, confesso, surpreendem-me pelo destemor de em si próprios destruírem os alicerces de uma credibilidade honestamente construída. Cegos e surdos, não devemos ignorar.
(...)"
Vítor Serpa, in A Bola
PS: Este esta cada vez mais burro!!! Sim, os avençados têm sido cúmplices activos dos incendiários do Tugão... e esta coluna de opinião, é um perfeito exemplo disso!!!
Continuar a meter todos no mesmo 'saco', não é sinal de ignorância, cobardia ou incompetência, é sinal de fazer parte de uma organização criminosa, nem que seja por associação inadvertida!!!
O Benfica tem sido declaradamente vitima de um ataque sem quartel por parte dos Corruptos e dos Lagartos, não admitir isso, é prova de cumplicidade... O Benfica até pode em determinados momentos respondido mal, mas isso não altera a dinâmica do crime...
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