"A final da Taça de Portugal não foi o melhor jogo da época, mas foi um grande espectáculo. O Benfica mereceu ganhar, julgo ser indiscutível para todos os adeptos, quaisquer que sejam as suas cores. A FPF lançou o jogo com critérios de muito nível e desportivismo. Rui Vitória e Pedro Martins mostraram antes, durante e depois de jogo que o futebol é um lugar frequentável, e não a selvajaria em que alguns chafurdam. Excelentes os adeptos de ambas as equipas, numa lição de amor aos seus emblemas, mas também num exemplo de civismo e respeito mútuos. A bola do jogo chegou em grande estilo, vinha num drone diferente do de Moreira de Cónegos, e com ela um dilúvio dispensável para os milhares de adeptos. A segunda parte da final decidiu a taça, acabou a época e com as dúvidas sobre quem a dominou. Supertaça. Campeonato e Taça foi um triplete de luxo para uma época magnífica.
Esta semana fica ainda pontuada pelas serenas e elucidativas entrevistas de Rui Vitória à BTV e à SIC. Explicou opções, confidenciou dificuldades, e projectou o futuro com um rigor e uma exigência próprias de quem não ganhou nada e quer ganhar tudo. Deliciosa a forma como apontou à próxima Supertaça, como se não tivesse acabado de obsequiar os adeptos com uma barrigada de títulos. Gostei muito do princípio subjacente de que tudo é pouco quando se treina o Benfica.
Agora são os dois meses de puro entretenimento com a Disneylândia das transferências, com uns a fazer de Patinhas outros de Plutos e alguns de Patetas. Veremos quantos dos rumores são fundamentados, com a vantagem (que não é pequena),de ter rumo, de ter treinador e de ter títulos. Enquanto alguns sonham que o próximo ano será diferente, nós temos a certeza de que o iniciamos a lutar com o Vitória por mais conquistas. Está muito angustiante e dolorosa a tarefa do nosso rival. Saibamos ser humildes e competentes."
Sílvio Cervan, in A Bola
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