"É um facto que o segredo para o histórico tetracampeonato do Benfica teve como base a força do colectivo, bem expresso na forma como Rui Vitória soube gerir um grupo massacrado por lesões e também (sempre importante) os egos de um balneário recheado de jogadores de qualidade, alguns deles forçados a ficarem mais tempo no banco - ou na bancada - do que no relvado. Costuma dizer-se nas alturas de euforia provocada pelas celebrações que todos, sem excepção, são importantes. Pode ser verdade. Mas há, é inegável, uns mais importantes do que outros.
No Benfica houve em 2016/17 um futebolista que se destacou dos demais. Não será, é certo idolatrado como Jonas, Mitroglou, Nélson Semedo, Lindelof ou Ederson, mas Pizzi foi, talvez, o jogador chave do tetra. Os números são impressionantes: 52 jogos, 13 golos e assistências em catadupa. Mas no caso do médio transmontano que o Benfica contratou ao Atl. Madrid - não foi barato, é verdade, mas tem valido cada cêntimo - não nos devemos cingir à estatística. Porque no sistema táctico dos encarnados é ele, porventura, o jogador a quem mais se exige: que defenda, que comece as jogadas de ataque, que chegue à área para concluir lances por si iniciados e, caso a bola seja entretanto perdida, que volte à posição inicial para começar tudo outra vez.
Sim, neste Benfica, Pizzi era muito mais do que só mais um. E por isso Rui Vitória nunca dele prescindiu. A brutal temporada que fez irá levá-lo, quase de certeza (e de forma justíssima), à Taça das Confederações. Na entrevista que A Bola hoje publica o médio diz que ganhar não cansa a esquecer o cansaço."
Ricardo Quaresma, in A Bola
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