"O FC Porto anunciou oficialmente, através do seu director de comunicação, que Nuno Espírito Santo foi uma vítima das arbitragens. No fundo, os árbitros portugueses foram os verdadeiros culpados da saída de NES do clube. Nem sequer, a levar em boa conta o que me juraram algumas fontes dignas de crédito, a imperdoável saudação do treinador portista ao campeão Benfica, que terá sido - segundo me garantem - a última gota no copo de impaciência e irritação de Pinto da Costa.
Enfim, de facto, nada poderei provar que venha contrariar a tese oficial do FC Porto. Aceitemos: Espírito Santo foi uma pobre e inocente vítima das mãos dos algozes do apito e só por isso viu aberta a porta de saída do clube que, apenas há um ano, jurava ter encontrado a solução do melhor treinador, na base de competência e do portismo.
A questão inevitável que, entretanto, se levanta é a de tentar perceber por que razão o FC Porto capitulou tão drasticamente perante a segura convicção da culpa alheia. Ou seja: se ao contrário do que se pensava, continua a entender que este treinador é o que melhor servia o FC Porto, pela sua competência e pela sua cultura de clube, como é, então possível determinar a sua saída, ou, na versão mais benigna, aceitar a sua decisão de sair? Tomara NES que Pinto da Costa, no momento em que o treinador manifestava qualquer dúvida ou insegurança, lhe tivesse dito: «Não, Nuno. Tu és o melhor de todos, és o treinador que nos convém e este clube nunca consentiria que tu fosses sacrificado por uma culpa que não tens».
Infelizmente, não foi isso que Pinto da Costa lhe disse."
Vítor Serpa, in A Bola
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