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sexta-feira, 17 de junho de 2016

Chalana que deixou saudades e uma ardósia no Café du Marché

"A marca do pequeno genial permanece viva na memória de quem viu o seu futebol de sonho.

Marcoussis - Há jogadores que deixam uma marca indelével e não precisam de uma longa exposição para fazê-lo. Alguns jogos, onde fazem o que mais ninguém consegue, chegam para que entrem no rol dos inesquecíveis, um clube restrito onde cabem muito poucos. Há um português que pertence a essa  categoria de predestinados, indivíduos assinalados por Deus com um toque de génio que os diferencia: estou a referir-me a Fernando Chalana, o pequeno genial, o Chalanix como era tratado em França, que apesar de só ter disputado um Campeonato da Europa, em 1984, nunca mais foi esquecido.
É normal que haja muitas referências a Chalana entre a comunidade portuguesa mais velha, que seguiu, apaixonada, o Euro-84 e se enamorou do extremo do Benfica. Mas é notável como se encontram tantos franceses a perguntar por ele na região de Paris. Se fosse em Bordéus, onde jogou, seria menos estranho...
Ainda ontem, depois do almoço em Massy, no Café du Marché, o dono, ao saber que eu e o Vítor Serpa éramos jornalistas portugueses, perguntou de imediato o que se passava com Cristiano Ronaldo, que não tinha jogado nada com a Islândia. «É verdade», respondi-lhe, «o Cristiano passou ao lado do jogo, mas na Selecção garantem que está bem fisicamente por isso é só uma questão de tempo até que comece a meter a bola dentro da baliza». Simpático e malandro, o dono do restaurante insistiu: «Mas ele não jogou nada, pois não?» Lá lhe disse que CR7 tinha estado desinspirado mas que provavelmente mas que provavelmente melhores dias viriam quando ele me fulminou com uma pergunta: «E o Chalana, que é feito do Chalana, esse é que era um fora de série!?» Não me restava senão concordar. Tive a sorte de ter o Chalana como meu companheiro de equipa nas selecções jovens a partir de 1974 e depois, durante algumas épocas no Benfica e, não fora uma condição física que se degradou demasiado depressa e teríamos estado perante um fenómeno de dimensão planetária.
Mas a marca do pequeno genial, a quem envio daqui um abraço fraterno, permanece viva na memória de quem teve a sorte de ver o seu futebol de sonho.

PS1 - Não resisto a partilhar com os estimados leitores um quadro escrito a giz que está pregado numa parede do Café du Marché, em Massy. Diz assim: «Preço do café ao balcão: Um café - 7 euros; Um café, se faz favor - 4,25 euros; Bom dia, um café, se faz favor - 1,30 euros». Bendita educação.
PS2 - Leio que Cristiano Ronaldo está na equipa ideal da 1.ª jornada do Euro-2016. Deve ter sido escolhido pelos mesmos sábios que consideraram Messi o melhor jogador do Mundial de 2014..."

José Manuel Delgado, in A Bola

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