"Um amigo meu, que foi desportista de alta competição numa modalidade individual repete sempre que o que o levou a abandonar o circuito mundial foi já não aguentar perder. Isso mesmo, um cansaço mental que derrotava qualquer esperança. A questão não era física ou técnica. Era de outra natureza.
Lembro-me sempre desta lição quando ouço uma ideia peregrina que tem feito o seu caminho nos últimos tempos: um clube pode ter vantagens caso seja eliminado prematuramente das competições europeias. Perder é benéfico porque, assim como assim, em algum momento é-se eliminado, logo quanto mais cedo melhor. Os defensores desta tese foram ao ponto de sugerir que uma vitória do Benfica contra o Zenit seria vantajosa para Sporting e Porto, pois os encarnados ficariam desgastados fisicamente e sofreriam nos jogos domésticos.
Ontem, na Luz. contra o Tondela, ficou de novo demonstrado o absurdo da teoria. Ganhar é sempre um suplemento de alma que compensa qualquer cansaço. E em fases avançadas de uma competição europeia a asserção é ainda mais verdadeira. Perder é que cansa.
Estar em várias competições ao mesmo tempo tem, contudo, um efeito: complica a vida aos treinadores. Não tanto pelo desgaste provocado nos atletas - para quem as vitórias são um factor de motivação -, mas porque para um técnico é bem mais exigente ter microciclos de treino, em lugar do conforto dos ciclos semanais. Mas essa é também uma diferença entre um clube grande e um pequeno. Nos grandes joga-se sempre para ganhar e as opções competitivas não são condicionadas pelas idiossincrasias dos treinadores."
Toma e embrulha, "Mestre da trética"!
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