" «Com ele passei a ter uma visão geral do futebol. Com os outros, treinávamos o ataque, a defesa, mas não havia essa ideia de conjunto. Todos os jogadores deviam ter a oportunidade de treinar com um treinador assim». Cito de cor, mas julgo estar a ser fiel às palavras de Jonas a propósito de Jorge Jesus, aos microfones da TSF, no final do Benfica-Marítimo. Jonas, esse mesmo, que, quando parecia ter chegado ao ocaso da sua carreira, redescobriu o prazer pelo futebol e ajudou a decidir o título.
Notem bem, foi Jonas que o disse, mas poderia ter sido qualquer outro jogador - e nem precisava de ter nome de profeta. Há, aliás, uma estranha unanimidade: tenham jogado muito, pouco ou até quase nada, pouco importa, todos os jogadores que passaram pelas mãos de Jesus elogiam a sua visão singular sobre o futebol.
Podia, é um facto, não passar de um treinador com capacidade de inovação, mas Jesus traduz a sua ideia de jogo em resultados e, não menos importante, em espectacularidade. Tem, é claro, defeitos (à cabeça a teimosia e a dificuldade em montar uma equipa também capaz de controlar o jogo com bola); contudo, no Benfica dos últimos tempos há um antes e depois de Jesus.
A equipa hoje tem uma ideia de jogo, uma organização colectiva com poucos paralelos e uma identidade de tal forma robusta, que vão mudando os jogadores e, com auxílio de dois pares de líderes no balneário, a diferença quase não se sente, mesmo quando joga o 'Manel'. Nos últimos seis anos, o Benfica só se encontrou em duas situações: vencer títulos ou disputá-los até ao fim.
Com Jesus como treinador, o Benfica arrisca-se a continuar a ganhar. Sabemos nós, benfiquistas, e sabem-no também adeptos e dirigentes dos nossos rivais. Para que Porto e Sporting vençam o Benfica, já não basta terem jogadores talentosos, precisam, também, de apresentar uma enorme solidez colectiva. O suplemento que Jesus oferece ao Benfica."
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