"Tanto desperdício quase dava em moléstia.
Prossegue vitoriosa a saga do Benfica nas competições da UEFA. Os representantes das mais conceituadas ligas europeias têm vindo a soçobrar perante os argumentos da equipa portuguesa e, agora, foi a vez da Premier League, através do Newcastle, conhecer mais uma desfeita na Liga Europa, uma competição onde os encarnados, com um percurso notável, ainda não registaram qualquer derrota.
A deslocação ao St.James Park até poderia constituir excepção neste particular e permitir um desaire, desde que não fosse além do tangencial, tendo em conta o 3-1 da primeira "mão" na Luz. Mas o Benfica fez questão, mais uma vez, de não conceder facilidades e, desta forma, prestigiar o futebol nacional. Passaria, porém, por desnecessários sustos, quando a solução esteve ali mesmo à mão de semear...
Continuando a gerir sabiamente o plantel, Jesus optou, como se previa, pelo plano B, isto é, com o 4.2.3.1, reforçando a linha de trincos (Matic e Enzo Perez) e reduzindo para um (Lima) o número de jogadores mais adiantados. No miolo, Salvio e Ola John, nos flancos, com Gaitán a jogar nas costas do ponta de lança, foram as unidades utilizadas.
O Benfica iniciou o jogo assumindo o controlo das operações e criando várias (e o plural não é exagero) ocasiões para marcar, destacando-se Gaitán e Lima no desperdício, embora, como é norma nestas situações, o guardião (Krul) tivesse tido papel preponderante em toda a trama, numa equipa que não estaria à espera de tamanha desinibição por parte do adversário.
Já na 2ª parte, as coisas foram diferentes. Alan Pardew, o técnico da casa, foi buscar ao banco o possante Ameobi - que já em Lisboa tinha sido suplente e para cumprir apenas 10' - e, com ele, o Newcastle ganhou nova alma, tornando-se uma equipa muito mais perigosa e mais directa no ataque. À tendência ofensiva, contudo, não conseguiam os ingleses juntar o golo, uma vez que a defensiva encarnada continuava a revelar-se atenta, como o comprova a forma inteligente como colocava em fora de jogo os adversários, Cissé sobretudo, autor de dois "golos", que, por essa razão, não valeram.
Mas à terceira foi de vez. Mesmo assim foi preciso um brinde da defesa do Benfica, já que Garay e Matic não se entenderam para o despacho de bola que se aconselhava, permitindo a Ameobi assenhorear-se do lance e servir Cissé, que, então sim, facturou a valer. E como Pardew já tinha esgotado as substituições, com as entradas de Ben Arfa e Marveaux (incrível como também Marveaux - um dos melhores do Newcastle - não foi titular), surgiu então o momento de Jesus dizer de sua justiça quanto às mudanças a efectuar na equipa.
Depois da troca Lima/Cardozo, saiu Ola John para entrar Rodrigo, o que foi elucidativo quanto à forma como o Benfica encarava o resto da partida, sem tentar recorrer a quaisquer expedientes mais defensivos, dada a vantagem global de que ainda usufruía E o certo é que resultou em pleno. Apesar do sufoco inglês e de alguns sustos nesta fase final do jogo, sobretudo num lance de Ben Arfa que quase deu golo, a verdade é que a equipa da Luz soube comportar-se com a frieza necessária para se opor à cavalgada adversária e, depois, desferir o golpe na altura certa.
Uma jogada bem estruturada, com a bola a ser jogada com precisão entre Cardozo e Rodrigo, e o centro deste para a entrada fulgurante de Salvio. Sobre a hora, o Benfica chegava ao 1-1 e, para lá de garantir a qualificação, assegurava, mais uma vez, a imbatibilidade na prova. Um 2 em 1 notável que lhe abre as portas para a consagração inteiramente merecida."
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