"O dia de ontem acabou com um treinador a fazer uma figura triste perante milhões de pessoas que tinham acabado de ver pela televisão o que aconteceu na final de Coimbra. Já não é coisa deste tempo, mas alguns treinadores insistem na dialéctica esfarrapada.
Uma das decisões da semana foi precisamente a adopção do olho de falcão por parte da Liga inglesa, por meio de um investimento obsceno, para ajudar os árbitros a decidir um ou dois lances por ano. Para felicidade de alguns deslumbrados com as chamadas “novas tecnologias”, esta decisão da FIFA e dos clubes ricos não terá qualquer efeito prático sobre a “verdade desportiva”, tal a raridade dos lances para análise, mas seria bem-vinda num campeonato obtuso como o português só para tirar a dúvida se podia servir para erradicar do discurso de treinadores e dirigentes a cobardia de associar a sua incapacidade ao trabalho dos árbitros.
Será possível, mesmo com olhos de falcão, um juiz para cada quatro jogadores, meios de intercomunicação electrónicos processos sofisticados de preparação e análise, que a arbitragem ainda possa ser responsabilizada pela derrota de uma equipa apenas com base na visão distorcida de um treinador em estado de choque? Não devia ser.
Os treinadores são metódicos e cautelosos com o trabalho de campo, mas mostram-se frágeis e vulneráveis no território demarcado das conferências de imprensa, onde surgem tensos e perturbados, completamente subjugados pela angústia. A imagem ridícula que um treinador dá de si num momento de derrota devia ser assacada aos responsáveis pela comunicação dos clubes, sob pena de se poder pensar que tal discurso lhes foi incutido perversamente para os deixar ainda mais mal vistos perante os próprios adeptos. A estes, aliás, bastam o olho clínico e a sabedoria empírica para perceber claramente quando as arbitragens não fazem parte do problema. O que é o caso do FC Porto actual."
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