Últimas indefectivações

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Prioridades

"Escrevo estas linhas antes da 2.ª mão da eliminatória do Liga Europa. O resultado obtido na Alemanha deixou as coisas bem encaminhadas, mas neste tipo de competição, contra este tipo de adversário, não é possível cantar vitória antes do tempo.
O que quer que se diga aqui não perderá, porém, aplicabilidade. Nesta época (seria bom sinal), ou nas próximas, e sempre que nos virmos envolvidos em várias frentes, sabendo que dificilmente temos condições para triunfar em todas elas. Está em causa a dicotomia entre o sonho e a realidade, e a escolha entre o bom e o possível, sabendo que o óptimo tem poucos amigos.
Se alguém me perguntar se prefiro ganhar a Liga Europa ou o Campeonato, escolho, sem hesitações, a primeira hipótese. Avaliamos a dimensão histórica de cada conquista, e lembramo-nos que um Título Europeu é algo que nos escapa há mais de 50 anos. Sobretudo para a minha geração, que não viu José Águas erguer a Taça dos Clubes Campeões, seria muito importante ver Luisão com um troféu internacional nas mãos - e manda o pragmatismo perceber que só na Liga Europa tal sonho tem condições de se concretizar.
Mas este desejo não pode chocar com o grande desígnio estratégico do Benfica do presente, que passa por  disputar a liderança do Futebol português com o FC Porto. E sabemos que um plantel como o nosso terá dificuldades em aguentar a exigência de dois jogos de alta intensidade por semana, condição fundamental para conciliar o Título.
Creio, pois, que só um Campeonato prematuramente resolvido (a bem ou a mal, que é como quem diz, ganho ou perdido) permitiria apostar todas as fichas numa aventura europeia. No ponto em que estamos, onde cada jogo doméstico é absolutamente decisivo, não podemos levantar os pés do chão.
Se, com rotatividade e sorte, conseguíssemos porventura chegar a umas meias-finais, então seria de reequacionar prioridades. Até lá, não deve haver lugar a dúvidas. Nem na estrutura do clube, nem, sobretudo, na cabeça dos jogadores."

Luís Fialho, in O Benfica

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