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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A glória discreta

"Nunca teve perfil de 'estrela'. Mas dentro de campo era craque e operário ao mesmo tempo. Fora dele, continuou a ser pedra basilar no clube

O nome que baptiza o mito: Jaime Silva Graça. A cidade onde nasceu: Setúbal. Data de 10 de Janeiro de 1942. Tudo começou no Palmelense. Depois o Sado. Com jeito para a bola (tal como o irmão, Emídio, que jogou no Sevilha), Jaime Graça singrou no Vitória de Setúbal, onde se estreou aos 17 anos.

ÍDOLO NO BONFIM E NA LUZ
Ali ganhou fama, não só pelas qualidades técnicas e visão de jogo como também pela garra com que actuava no meio campo dos sadinos. Até 1966, foi no Bonfim que brilhou, consquistando mesmo uma Taça de Portugal numa final em que até fez o gosto ao pé. Talento reconhecido, tornou-se internacional. O Benfica não esperou mais tempo. E em boa hora contratou Jaime Graça. Venceu, de águia ao peito, o Campeonato Nacional nas épocas de 1966/67, 1967/68, 1968/69, 1970/71, 1971/72, 1972/73 e 1974/75 e a Taça de Portugal nas épocas de 1968/69, 1969/70 e 1971/72. Pelo meio, uma final da Taça dos Campeões Europeus jogada em Wembley, mas infeliz no resultado. 4-1 para o Manchester United, num jogo que até foi resolvido apenas no prolongamento. Tudo porque Jaime Graça apontou o belíssimo golo benfiquista que obrigou aos 30 minutos extra.
No Benfica, totalizou 159 jogos e marcou 19 golos.

O DIA EM QUE SALVOU EUSÉBIO
Mas foi de extrema importância também fora dos relvados, quando salvou a vida de Eusébio e de Malta da Silva ao aplicar os conhecimentos de electricista e ao desligar rapidamente o quadro de electricidade depois de um curto circuito durante uma sessão de hidromassagem que, infelizmente, tirou a vida a Luciano.
Na Selecção Nacional jogou em 36 ocasiões, 12 delas pelo V. Setúbal, entre 1965 e 1972. Muitos ainda se recordam da estreia. Uma partida fulcral no apuramento para o Mundial de 1966, em que Portugal goleou a Turquia e em que Jaime Graça atirou a contar. Na fase final, integrou mesmo o lote de 22 'Magriços', tendo sido totalista na competição que valeu o terceiro lugar a Portugal. Ponto alto da carreira, espalhou magia e classe por terras de Sua Majestade. A despedida das Quinas surgiu em 1972, quando Portugal terminou a Minicopa em segundo lugar. Mas ajudou José Torres, como adjunto, no Mundial de 1986.

DEDICADO À FORMAÇÃO
Depois de ter abandonado os relvados, dedicou-se ao futebol jovem, onde foi bicampeão nacional de juniores e ajudou a formar muitos jogadores que vão trilhando carreiras por esse Portugal fora. Nélson Oliveira, por exemplo, é um apoio fulcral no processo de aprendizagem e de adaptação a uma nova realidade.
Faleceu a 28 de Fevereiro de 2012, aos 70 anos. O mundo benfiquista prestou-lhe sentida homenagem. Um sentimento comum a todos os portugueses, ou não fosse Jaime Graça um marco representativo do período mais dourado do futebol português."

Ricardo Soares, in Mística

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