Últimas indefectivações

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cada vez mais decisivos

"A derrota deixou-me muito triste e apreensivo, porque o andamento do jogo me fez sentir que os meus vaticínios se esbatiam, com a passividade que vi seguir-se ao primeiro golo do clube do Porto. Tanto mais que tendo a Equipa gerido relativamente bem, durante toda a primeira parte, a vantagem da vitória com que vínhamos da Lameira de Cima, doeu ver como faltou o ânimo (e as pernas) logo depois do segundo golo, aliás, marcado em evidente fora-de-jogo.

Se a Equipa se revelara, de início, devidamente cautelosa, respeitando mas também impondo respeito ao adversário, depois deste segundo golo deixou-se que a ansiedade prevalecesse, precisamente quando a concentração e o pulmão se tornavam mais decisivos.

Nós, os mais velhos, bem sabemos como qualquer derrota, todas as derrotas, não fazem parte do glossário do Glorioso. por isso a maior responsabilidade de uma derrota, clara como esta e nas circunstâncias em que ela aconteceu na quarta-feira, é a gama de lições que devem trazer ao próprio grupo de trabalho.

E estou seguro de que cada um dos nossos, nos diversos patamares e áreas do sanctus santorum em que a nossa Equipa tem sabido preservar-se, saberá extrair as devidas conclusões com que se emendam os erros e as falhas, de modo a que, já no próximo jogo da final da Taça da Liga, a Águia levante voo, para outra das viagens vitoriosas que marcam o registo fundacional do Sport Lisboa e Benfica.

É por isso, e com esse sentido que, apesar deste inesperado desaire, estou agora ainda mais inteiramente confiante do que estava, quanto ao desfecho do jogo de sábado, na final em Coimbra, assim como relativamente aos desafios da meia-final europeia.

Para já, teremos pela frente o valoroso adversário que o Futebol Clube de Paços de Ferreira demonstrou ser durante toda a época, sem precisar das mesmas sistemáticas ajudas institucionais de toda a sorte (até químicas, quem sabe?), que os outros não podem (e nem nunca foram capazes de) dispensar para ganhar, nos últimos vinte anos.

E logo a seguir, nos jogos de 28 de Abril e 5 de Maio, depara-se-nos um clube cheio de pretensões que, com alguma sorte e algum trabalho bem feito (ainda que com ajudas inequívocas e substanciais), aspira ascender a uma plataforma que, por enquanto, não parece ser a sua.

Com essa justa esperança chamo, pois, à colação, o carácter, a ambição, o espírito de sacrifício e de resistência, o sentido de responsabilidade e o talento colectivo, assim como a agudeza técnica dos nosso jogadores - sejam quais forem os que Jorge Jesus vier a escalar para cada um dos serviços.

De Jorge, por outro lado, sei que posso esperar a frieza de análise e a decisão rápida e eficiente que tantas vezes ele nos tem provado possuir, especialmente durante estes seus dois primeiros anos Benfiquistas.

O mesmo espero de toda a vasta equipa dos seus colaboradores, prudentemente gerida por Rui Costa, que trabalham os diversos sectores da Equipa.

O dos médicos, também: é fundamental que os melhores índices físicos dos atletas sejam repostos, de maneira a voltarem a garantir a maior fortaleza anímica a todos e a cada um deles.

Todos me são as garantias suficientes e bastantes para voltar a ver o Benfica ganhar de novo, e concludentemente, em qualquer dos três embates.

Cada vez mais decisivos, aliás."


José Nuno Martins, in O Benfica

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