"O que tem Ary dos Santos a ver com o grande clássico do futebol português?
Não estou certo de que José Carlos Ary dos Santos fosse grande aficionado do futebol. É uma confissão de ignorância biográfica sobre um dos poetas que melhor soube fazer cantar Lisboa. Sei, de ciência certa, que se tivesse o talento dele escreveria um poema sobre os dias de dérbi na capital.
Um Sporting-Benfica como o de hoje extravasa largamente as fronteiras da cidade e do País. Mas há em Lisboa, logo pela manhã destes dias, uma atmosfera diferente. Ao fim de semana sente-se mais: nos mercados muitas bancas enfeitam-se com as cores do clube mais querido; os clientes assíduos não escapam a uma provocaçãozinha ou a uma palavra de alento — consoante as cores, lá está. Nos cafés nem se fala. Com o correr das horas as ruas pintalgam-se de vermelho e verde. Até quem abomina o futebol sabe que é um bom dia para escolher um programa diferente e deixar Lisboa viver o dérbi com os que o sentem.
Ary dos Santos escreveria sobre esta magia e Carlos do Carmo, mesmo tendo sido o belenense que conhecemos, cantá-la-ia como ninguém.
De chorar por mais
OK, é na Arábia. Mas andam lá muitas estrelas ou ex-estrelas e Cristiano Ronaldo continua como sempre: melhor que todos os outros.
No ponto
Registo de interesses: trabalhei com Pedro Dias vários anos. Interesse como cidadão: grande escolha para a secretaria de Estado do Desporto.
Insosso
A pressa às vezes é travada com estrondo. Aconteceu ao início das obras da Academia do FC Porto na Maia, que foram suspensas.
Incomestível
Por causa de poucos, muitos benfiquistas podem ser impedidos de apoiar a equipa em Marselha. A magia de que falo acima não é esta."
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