"Campeonato da Europa, Jogos, avanços na mudança das sociedades dos clubes nacionais e as ambições nas provas europeias
Muda o ano no calendário e, às vezes, é quanto basta para termos um sentimento de renovação e esperança. Que o Ano Novo nos traga saúde, paz e prosperidade, são os três mandamentos essenciais para os desejos mastigados em passas à meia-noite. Há sempre uma certa ingenuidade nesta crença de que, enfim, as coisas possam mudar. Raramente mudam. Veja-se a questão pelo desorientado mundo que habitamos. A saúde, como se sabe, está mais pela hora da morte do que da vida; a paz começa a ser, apenas, uma utopia, uma palavra que só existe no dicionário; a prosperidade tornou-se um mito que apenas aparece a ornamentar os discursos políticos.
Fiquemos, para já, na questão desportiva e nos grandes desafios que se apresentam no ano de 2024.
CAMPEONATO DA EUROPA DE FUTEBOL, na Alemanha. Portugal assume-se como candidato. Não aquele candidato eventual, um outsider que, tal como aconteceu em 2016, pode beneficiar de uma roleta russa que o coloca na final em bandeja de prata. Depois, foi o que se viu. Cristiano Ronaldo a sair lesionado e um golo mágico marcado por Éder, o herói improvável. O país de dentro e de fora viveu o título europeu com a euforia de um pobre a quem sai o Euromilhões. Uma virtude. Não esbanjámos essa riqueza. Pelo contrário, a Seleção é, hoje, uma marca internacional fortíssima e é reconhecida mundialmente como uma das melhores seleções do mundo. Não apenas porque tem, de facto, alguns dos melhores futebolistas mundiais, mas porque tem uma estrutura de apoio altamente profissionalizada e competente. Daí que a esperança em novo título de campeão da Europa não seja, apenas, a esperança de voltarmos a acertar um tiro no escuro. Desta vez, confirmando-se, ou não, é uma esperança fundamentada. E se já tivemos uma seleção de ouro, temos, agora, uma seleção de diamantes já lapidados.
JOGOS OLÍMPICOS, em Paris. Por muito que custe ao futebol e àqueles que apenas entendem o desporto com bola no pé, trata-se do maior acontecimento desportivo do mundo e, talvez, o maior acontecimento mundial sob qualquer ponto de vista, seja ele desportivo, social, cultural, económico ou político. Os Jogos de Paris vão concentrar as atenções mundiais no próximo verão. É bom, porque oferece, sobretudo aos portugueses, uma imagem mais verdadeira da dimensão desportiva, mas também pode ser demasiado tentador para ações de movimentos extremistas que optam pelo ódio cego.
Nós por cá temos andado desatentos, mas pode bem acontecer que Paris nos traga os melhores resultados olímpicos de sempre.
VIRAGEM do ano ainda com notável presença de clubes portugueses nas provas da UEFA. FC Porto na Champions, Benfica, Sporting e SC Braga na Liga Europa. Há quem ache pouco, mas não é, e a verdade é que o futebol português tem motivos para festejar. Difícil, sim, a missão do FC Porto, que tem o Arsenal por adversário, mas na Liga Europa, qualquer um dos três clubes tem francas hipóteses de seguir em frente.
SURGEM notícias novas sobre os grandes clubes portugueses e não é de contratações que se trata. O Sporting será, dos grandes, o primeiro a mudar a tradicional estrutura societária e a internacionalizar-se? Há avanços assinaláveis e isso significa que podemos estar na viragem para o futuro do futebol português.
Fazem bem em guardar anéis
ABRE-SE a janela de inverno para trocas e baldrocas de jogadores. É o momento de acertos e de remendos daqueles que não se sentem confortáveis, ou com o plantel que têm, ou com o dinheiro que não têm. Para os clubes portugueses, o dinheiro é sempre bem vindo, mas surgem notícias de que, pelo menos nos principais clubes - quatro ainda com ambições de título - a promessa é a de se guardarem os anéis no cofre. É uma boa notícia para os adeptos do futebol português. Os espetáculos serão mais aliciantes, a luta será mais intensa.
Hospital público, Hospital privado
SE apenas confiarmos no que lemos e ouvimos nos generalistas portugueses ficamos com a perceção de que somos tão desafortunados que a gripe decidiu atacar este pobre e pequeno país e logo quando o SNS está em profunda crise de meios e de capacidade de assistência. Deixem-me dizer-lhes que a gripe está por toda a Europa e as dificuldades são de todos. E, já agora, uma neta minha, muito atacada pela gripe, recebeu assistência num conhecido e reconhecido hospital privado. Demorou sete horas! Não estavam lá as televisões..."
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