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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

A noite mais escura


"Numa zona de alegria Fehér eternizou o seu sorriso

Há locais que nos marcam pelos bons momentos aí passados, onde parece que tudo se conjuga de forma perfeita. A cada lembrança, esboçamos um sorriso. O Minho, para Fehér, era um desses locais.
Em Julho de 1998, o húngaro ingressou no FC Porto. No entanto, na Cidade Invicta teve poucas oportunidades para demonstrar todo o talento de quem se tinha estreado na equipa de honra do Gyori ETO FC com apenas 16 anos.
Na temporada 2000/01, emprestado ao SC Braga, Fehér não demorou a evidenciar a sua qualidade. Na 1.ª jornada do Campeonato Nacional, no sempre escaldante dérbi minhoto, decidiu a partida com um excelente golo. Foi o primeiro de 14 tentos, sagrando-se o 6.º melhor marcador da competição.
No regresso ao FC Porto, divergência fizeram com que ficasse uma temporada sem jogar. Em 2002/03, trocou a Invicta pela capital, assinando pelo Benfica. A elevada concorrência no ataque e uma lesão que o afastou vários meses dos relvados fizeram com que tivesse poucos minutos. Na última jornada do Campeonato Nacional, o treinador José António Camacho concedeu-lhe a titularidade. Perante o Vitória de Guimarães Fehér demonstrou possuir todos os predicados de um avançado de excelência. Com uma exibição magnífica, marcou um golo com o pé direito, outro de cabeça e completou o hat-trick com um tento de pé esquerdo. Eleito o melhor em campo, o avançado apresentava-se para a temporada seguinte como uma opção válida.
O húngaro ganhou a titularidade na 2.ª jornada do Campeonato Nacional 2003/04. Frente ao Vitória de Guimarães, nova exibição de gala mereceu rasgados elogios: 'Superou, então, com determinação e notável sentido de baliza, as contrariedades', apontando-se ainda o facto de marcar sempre aos vimaranenses: 'Fehér adora o Berço. Joguem todas as semanas frente ao Vitória de Guimarães! Este bem poderia ser o desejo do húngaro'. A sua prestação valeu-lhe a titularidade nas quatro jornadas seguintes, em que apontou dois golos.
Na 19.ª jornada, em Guimarães, perante o Vitória, com a partida empatada a zero, Fehér foi o primeiro jogador a sair do banco de suplentes. As câmaras acompanharam-no desde que foi para aquecimento até à sua preparação para entrar em campo. Estava no Minho e contra um clube em que tinha predisposição para marcar.
O Benfica acabaria por marcar, o golo não foi seu, mas o estádio em uníssimo clamou 0Mihlós Fehér, Miklós Fehér'. Ao contrário de tantas outras vezes, desta vez não era a celebrar uma grande exibição. Não era um grito, era um apelo por si, para que regressasse à vida, após ter caído inanimado no relvado. Um pedido que não foi atendido. No Minho, onde tantas vezes foi feliz, perante o seu adversário predileto, Fehér deixou-nos na memória gravado um sorriso que não mais se repetiria.
Saiba mais o seu percurso de águia ao peito na área 19 - Águias-Mundi, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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