"A Crónica: Dani Errou O Soco No Segundo Assalto Do Combate
A previsibilidade de ver no espelho o mesmo que se encontra perante ele é elucidativo que um cenário se possa repetir sempre que sejam iguais as condições da realização de dois acontecimentos semelhantes. Não sendo garantido igual resultado, para as mesmas causas, as mesmas consequências.
Três dias depois, mesmo estádio, mesmas equipas, competição diferente. De domingo para quarta-feira, houve retoques, mas aproveitou-se muito do rascunho que já estava escrito sobre a história do jogo do campeonato para a partida da Taça de Portugal.
O Estoril-Praia SAD, notou-se, trabalhou arduamente as bolas paradas defensivas, problema com o qual sofreu no jogo do campeonato realizado no domingo. Sempre que num canto ou livre o perigo se aproximava da baliza canarinha, Nélson Veríssimo sentava-se e o seu adjunto assumia um lugar de pé para dar indicações.
A preocupação quase resultava inglória assim que Grimaldo, de livre direto, encaminhou a bola à barra num remate contra o qual o dedo de treinador não pode lutar. No seguimento da primeira parte, Rafa falhou um lance em que tinha condições de marcar, mas entre o lado esquerdo e o lado direito, escolheu o lado de fora da baliza.
Dominado, mas audaz, o Estoril-Praia SAD tentou desenrolar um fio de jogo que foi sendo anulado facilmente pelo SL Benfica. No entanto, quando, por uma vez, o nó se desfez, João Carlos quase concluiu uma jogada combinativa de elegância. A vantagem esteve perto.
Acabaria por ser o último rasgo de inspiração amarela antes de Francisco Geraldes ser expulso por travar Rafa em falta num lance em que o jogador do SL Benfica seguia isolado para o golo. O derrube permitiu que a baliza ficasse inviolável, mas empurrou o Estoril-Praia SAD para um sofrimento tão compreensível como destrutivo.
Com os canarinhos de asas presas para voar, só um golo do SL Benfica podia ser mais inibidor do desejo de passar a eliminatória. Assim foi. Dani Figueira socou mal uma bola oriunda de um cruzamento e… David Neres… de bicicleta… levou as águias à vantagem.
Não tendo sido o jogo mais avassalador do SL Benfica de Schmidt, tal como não tinha sido na eliminatória anterior da Taça de Portugal, a vitória acabou por surgir da naturalidade de quem não tem sabido fazer outra coisa que não ganhar. Os encarnados seguem para os oitavos de final da prova.
A Figura
David Neres – Com poucas exibições individuais de grande relevo, destacou-se o homem que marcou o único golo do jogo e ainda o fez com uma difícil execução. Coisa tão rara o SL Benfica marcar apenas um golo que bem se pode saudar o brasileiro por ajudar num jogo em que as situações de perigo não apareceram no volume habitual.
O Fora de Jogo
Francisco Geraldes – Como quase sempre, uma expulsão é altamente penalizadora para quem a sofre. Francisco Geraldes fez um sacrifício que não foi merecedor de recompensa.
Análise Tática – Estoril Praia SAD
O Estoril-Praia SAD beneficiou dos regressos aos convocados de Dani Figueira, Pedro Álvaro, João Carvalho e Tiago Gouveia para implementar mexidas no onze inicial. Em particular, a entrada de João Carvalho e a saída de Rosier aportou maior criatividade e qualidade à posse de bola do 4-3-3 estorilista.
Assim, o triângulo de meio-campo do Estoril-Praia SAD teve como interiores, Francisco Geraldes e João Carvalho. Como pivot apareceu Mor Ndiaye. Foi muito pelo jogo posicional destes três elementos que os canarinhos tentaram construir jogo. Para libertar Ndiaye nas costas da primeira linha de pressão encarnada composta por Rafa e Musa, Geraldes e João Carvalho abriam bastante, forçando Florentino e Enzo aumentarem a distância entre si.
Em várias situações a equipa da linha tentou uma construção a três para ter superioridade em relação à pressão benfiquista. Mor Ndiaye colocava-se no meio dos centrais, Bernardo Vital e Pedro Álvaro. Por vezes, a mesma situação aconteceu a defender.
11 Inicial e Pontuações
Dani Figueira (4)
Tiago Santos (5)
Pedro Álvaro (5)
Bernardo Vital (5)
Tiago Araújo (5)
Mor Ndiaye (7)
Francisco Geraldes (4)
João Carvalho (5)
Tiago Gouveia (5)
Shaquil Delos (4)
João Carlos (6)
Subs Utilizados
Loreintz Rosier (5)
Edson Mexer (4)
Gilson Benchimol (5)
James Léa-Siliki (4)
Gonçalo Esteves (-)
Análise Tática – SL Benfica
O SL Benfica, por força das circunstâncias, manteve Petar Musa na frente do ataque. David Neres regressou à titularidade, relegando Chiquinho para o banco, mas ao contrário do que aconteceu no jogo anterior, jogou a partir da direita e não como médio ofensivo.
A equipa de Roger Schmidt conseguiu várias infiltrações no espaço entre linhas, tal como tanto procura. Foi, no entanto, também muito eficaz no ataque às costas da defesa com Rafa e Musa em particular evidência. Exibição completa ofensivamente.
Por ter passado a jogar em superioridade, O SL Benfica foi obrigado a enfrentar um bloco mais baixo. Nessa circunstância, Henrique Araújo foi lançado pelo treinador alemão pelas reconhecidas qualidades em trabalhar a bola em espaços curtos.
11 Inicial e Pontuações
Odysseas Vlachodimos (6)
Alexander Bah (5)
António Silva (6)
Nicolás Otamendi (6)
Álex Grimaldo (6)
Florentino (5)
Enzo Fernández (6)
David Neres (7)
João Mário (7)
Rafa Silva (7)
Petar Musa (6)
Subs Utilizados
Henrique Araújo (5)
Gilberto (4)
Diogo Gonçalves (4)
Chiquinho (-)
BnR na Conferência de Imprensa
Estoril Praia SAD
Bola na Rede: O Estoril-Praia SAD estava a conseguir desbloquear o jogo ofensivo através do Mor Ndiaye. A determinado momento, acaba mesmo por recuar o jogador para o espaço entre os centrais, quer para iniciar a construção, quer para defender a cinco. O que é que pretendeu com essa opção?
Nélson Veríssimo: A ideia que lançámos para este desafio era, no processo ofensivo, o Mor posicionar-se em 4-3-3, construindo à frente dos dois centrais, e, em momento defensivos, defendermos numa linha de cinco. Essa era ideia base. Na pressão do SL Benfica, por vezes, o Enzo e o Florentino libertavam mais o Mor nas costas dos dois avançados e o Mor tinha mais liberdade de receber a bola e tentarmos ligar o jogo por ele. Quando sentimos que o Enzo e o Florentino ajustavam mais ao posicionamento do Mor e já não nos permitiam fazer essa ligação por dentro, tentámos procurar o jogo mais à frente. Ao fim ao cabo, o jogo é dinâmico, as equipas vão vendo o que é que a outra vai fazendo. É o jogo do gato e do rato. Melhorámos muito relativamente ao primeiro jogo, fruto da interpretação dos jogadores em relação aos espaços que tinham que explorar.
SL Benfica
Bola na Rede: Habitualmente, o Henrique Araújo é um jogador com capacidade para jogar em espaços curtos. É um jogador que pode ser importante para defrontar adversários com linhas muito juntas como foi o caso do Estoril-Praia SAD na segunda parte?
Roger Schmidt: Sim, foi por isso que o lançámos. O Henrique é um jogador muito bom. Tem que ganhar confiança. Não tem jogado muito até agora na equipa principal. Nem todos podem jogar ao mesmo tempo. Alguns jogadores têm que ter paciência."
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