"No futebol dos nossos dias, tudo são números. Os milhões das transferências, a percentagem de posse de bola, os remates enquadrados, as faltas sofridas, os centímetros que anulam golos, os minutos jogados, as taxas de eficácia à frente da baliza, tudo conta. A estatística é uma realidade há muitos anos, mas nunca como agora tudo se parece resumir a números, reduzindo cada vez mais a paixão a um item de uma longa lista de condicionantes do jogo.
Pois bem, a paixão não pode ser apenas mais um número. E isso está à vista com o regresso faseado dos adeptos às bancadas.
Há equipas que podem perfeitamente jogar sem os seus adeptos. Em alguns casos, não se nota qualquer diferença para melhor. Noutros, até é uma bênção que não estejam presentes. No caso do Sport Lisboa e Benfica, a diferença é gritante. O colinho, a onda vermelha - chamem o que quiserem - tem estado bem à vista nos primeiros jogos desta temporada. Há uma equipa embalada pelos cânticos, pelo apoio incondicional dos que têm conseguido bilhete para entrar na Catedral, mas também nos recintos dos nossos adversários. No momento em que se discute mais uma medida controversa inventada por quem manda no futebol português (o inenarrável cartão do adepto), sai mais uma chapada de luva branca para uma Liga desfasada da realidade.
Neste campeonato dos adeptos, não há dúvidas: seremos sempre campeões. O problema é quem tenta equilibrar as coisas contornando protocolos de VAR ou não pagando o que deve a instituições bancárias. Ainda agora começou, mas já se percebe que a batalha vai se dura.
Nós, os adeptos, vamos mesmo ter de continuar a fazer a diferença."
Ricardo Santos, in O Benfica
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