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quarta-feira, 3 de março de 2021

Prazeres de Benfica para o mundo


"José Prazeres nasceu, casou, viveu e morreu em Benfica. Mas a presença do jogador e seleccionador de hóquei em patins foi global

Filho de lisboetas, foi em 1906 que, na Rua Direita de Benfica (hoje Estrada de Benfica), nasceu José Prazeres. Viria a morrer quase 78 anos depois, na transversal Avenida Gomes Pereira, pouco depois de a sede benfiquista ter sido transferida daí para a baixa lisboeta.
Inscreveu-se como sócio do Clube com o irmão Carlos. Verdadeiro sportsman da primeira metade do século XX, praticou várias modalidades, como atletismo e patinagem. Com a irmã Irene fez dupla no ténis e foi praticante de hóquei em campo, mas foi no hóquei em patins que se destacou.
A sua estreia como 'encarnado' deu-se frente ao Hóquei CP em 13 de Agosto de 1922. Foi o único marcador da partida, 'quando faltavam dois minutos para terminar o jogo (...), a bola desvia-se, e José Prazeres, serenamente, marca a bola que dá o triunfo ao Benfica'.
A segurar o stick, Prazeres ajudou o Clube a ser dez vezes campeão de Lisboa, garantindo sete conquistas consecutivas entre 1925 e 1931, antes da existência do Campeonato Nacional. Entretanto, escrevia para a secção de hóquei do jornal O Sport de Lisboa.
Em Maio de 1930, a Federação Portuguesa de Hóquei escolheu como sua 'primeira embaixada internacional' a equipa campeã do Benfica, para representar Portugal no 5.º Campeonato Europeu de hóquei em patins, em Herne Bay, Inglaterra.
Daí a Chandler's Ford são algumas milhas para oeste. Lá nasceu a 'súbdita inglesa' Delfina Gouveia dos Santos, com quem Prazeres casou em 1933, com as 'portas abertas e franqueadas ao público' na Rua Cláudio Nunes, em Benfica.
Ao capitão do Benfica e da selecção portuguesa a imprensa reconhecia um 'magnífico controlo de bola e esplêndida corrida'. Despediu-se dos rinques em 1939, numa bonita festa organizada pelo Clube.
Nesse ano, durante o Mundial de hóquei em patins, Portugal foi incumbido de realizar a edição de 1940, que se viu adiada devido à II Guerra Mundial. Em 1947, José Prazeres fez parte da comissão organizativa do evento. Mas, mais do que isso, foi com ele como selecionador que Portugal venceu o título de campeão mundial! Repetindo a proeza nas três edições seguintes, Portugal foi tetracampeão europeu e mundial de hóquei em patins em 1950, sob alçada de Prazeres.
No mesmo mês da sua morte, o treinador de hóquei em patins do Benfica, Torcato Ferreira, referiu: 'Trabalhar em profundidade dá-me realmente um certo prazer'. Boa ou má escolha de palavras, a verdade é que trabalhar com Prazeres deu profundidade ao hóquei nacional!
Na área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião pode conhecer mais sobre a história do hóquei em patins 'encarnado'."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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