"A crise sanitária ligada à Covid-19 colocou os cidadãos em casa e os países ficaram “fechados”. Para além das incertezas que esta situação excepcional provocou (e provoca), esta crise oferece também um tempo de reflexão sobre a sociedade que queremos, colectivamente, construir depois desta crise. O desporto, nas suas múltiplas dimensões (prática desportiva, espectáculo desportivo, actividade económica), não se pode afastar deste questionamento. Algumas preconizações (a curto, médio e longo prazo) poderiam ser tomadas em conta quer a nível nacional, quer a nível europeu:
1. A curto prazo: relançar o desporto de forma partilhada e solidária. Na Europa o desporto pesa 2,12% do PIB europeu e representa 2,72% de empregos. Neste sentido, é essencial que o sector seja considerado como um elemento da retoma económica e que possa beneficiar de todos os apoios colocados em prática para fazer face a esta pandemia. A nível nacional: os actores desportivos devem beneficiar das medidas urgentes colocadas à disposição; estabelecer um plano de relançamento do desporto numa perspectiva de longo prazo (via fiscal, por exemplo); favorecer a convergência dos dispositivos de apoio; assegurar uma comunicação fluída e acompanhar os actores, por forma a responder à grande heterogeneidade de situações (associações desportivas, empresas privadas, etc.). A nível europeu: reorientar alguns apoios financeiros, nomeadamente dos fundos estruturais de investimentos europeus (FSE, FEDER), para acções que visem a promoção de bem-estar dos cidadãos, pelo desporto e exercício físico.
2. A médio prazo: apoiar o desporto durante a fase de desconfinamento. O desporto representa um importante instrumento de coesão social, susceptível de facilitar novas formas de viver colectivamente e de acompanhar o processo de saída da crise. A nível nacional: adaptar materiais de protecção às especificidades das disciplinas desportivas; propor, no quadro escolar, um programa de educação e de higiene relativamente aos gestos de segurança apropriados, adaptado segundo as idades (as associações desportivas deveriam ser chamadas para desempenhar essas funções); encorajar a digitalização e a individualização da oferta de serviços desportivos propostos pelos clubes, federações, e privados; coordenar os calendários desportivos, evitando uma concentração de actividades e locais de prática. A nível europeu: encorajar as boas práticas no âmbito do desenvolvimento de ferramentas pedagógicas, mobilizando o desporto e a actividade física na Escola; criar novas oportunidades de financiamento e apoiar as inovações técnicas e sociais associadas à actividade física e desporto.
3. A longo prazo: promover o desporto na sociedade. A nível nacional: encorajar o desporto para todos, nomeadamente para os mais frágeis socialmente; valorizar o estatuto do voluntário (colocar em prática contratos de trabalho associativos, permitindo aos clubes remunerar os voluntários com valores definidos e exonerados de impostos); desenvolver ferramentas informáticas (as universidades e os politécnicos poderiam auxiliar); transformar os espaços urbanos, para fazer das cidades, escolas, empresas, etc. ambientes de vida activos, combatendo o sedentarismo e a falta de exercício físico."
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