"Há um conto de Le Clézio sobre um menino-prodígio que começara a aprender aos 2 anos e, aos 12, já desafiava as mentes mais brilhantes com as suas concepções filosóficas. Certo dia sentou-se à janela aparentemente a olhar para o vazio e, passada uma semana, decidiu-se a explorar o jardim infantil, tanto observara. A história torna-se interessante quando Le Clézio, ao invés de derivar pela banalidade do menino que só desejava ser criança, nos mostrou antes um Martin fascinado com os movimentos da areia enquanto escavava e os bichos que nela habituavam. As outras crianças, incapazes de o compreenderem, atacaram-no violentamente, e Martin, apesar de frustrado e irritado enquanto era incomodado, permaneceu absorto nas suas actividades após as outras crianças partirem.
Talvez o defeito seja meu, mas identifico nesta história uma boa analogia para o percurso benfiquista no futebol português ao longo dos últimos anos. O tetra expôs a superioridade benfiquista em diversos domínios. Incapazes de compreenderem o sucesso benfiquista, os nossos adversários enveredaram por ataques inconcebíveis recorrendo a acusações sem fundamento e invariavelmente difamatórias. Não ajudou à nossa causa que nos tenhamos apercebido claramente da nossa superioridade e, tudo somado, resultou num estado de torpor que demorámos a abandonar, embora a tempo da ambicionada 'reconquista'.
A lição a retirar é simples: o sucesso é consequência de um conjunto de boas práticas, as quais requerem renovação ou reciclagem constantes e atempadas. Paralelamente, nunca poderemos deixar-nos condicionar pelas investidas adversárias. Assim estaremos sempre mais próximos dos triunfos."
João Tomaz, in O Benfica
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