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segunda-feira, 22 de abril de 2019

É sempre uma questão de intensidade

"O Benfica saiu da Liga Europa como saiu da Taça de Portugal, deixando no ar a ideia nefasta de que não fez tudo o que podia e devia para evitar a exclusão. Faltou-lhe um golo em Alvalade e faltou-lhe um golo em Frankfurt para afastar o Sporting e o Eintracht e em ambas as ocasiões, faltou-lhe, sobretudo, praticar um futebol que expressasse de modo incontestável a vontade de seguir em frente numa e na outra competição. E foi isso que não aconteceu. ou que, pelo menos, não se viu. E não se tendo visto os indícios de uma atitude suficientemente competitiva da equipa de Bruno Lage, contra adversários que, com todo o respeito, não eram sequer do outro mundo, compreende-se a insatisfação dos adeptos perante estes desaires por margens tangenciais e perante a flagrante minimização da intensidade posta em campo no jogo com os rivais da Segunda Circular e, depois, no jogo com os alemães na última quinta-feira.
No que diz respeito ao campeonato português, o que não faltou ao Benfica para recuperar sete pontos ao FC Porto e para ganhar em Alvalade e no Dragão foi, justamente, uma enorme dose de intensidade aplicada ao longo de uma série de jogos que o conduziram ao topo da tabela para surpresa de muita gente. Surpresa também para os seus adeptos que, racionalmente, deram a questão do título como perdida em Janeiro quando a equipa, ainda a cargo de Rui Vitória, saiu de Portimão derrotada com contornos de originalidade tendo em conta que os golos da equipa algarvia foram marcados por jogadores do Benfica na sua própria baliza. Mais original do que isto, de facto, é difícil.
A transposição do Benfica intenso, vibrante e competitivo do campeonato para o Benfica da Taça de Portugal e da Liga Europa não se verificou. A fúria de Seferovic, no fim do jogo de Frankfurt é o retrato da insatisfação dos adeptos. E, agora, a equipa de Lage só terá perdão se conseguir segurar a liderança nas cinco jornadas que faltam para o fecho da discussão do título nacional. A multidão é cruel, como se sabe, e se o Benfica não for o próximo campeão de nada valerá aos mais conciliadores recordar a sensacional recuperação do Benfica na Liga e a bela exibição contra o Sporting na 1ª mão da meia-final perdida nem o facto de, ao contrário do Real Madrid e da Juventus, o Benfica ter cometido a proeza de não ter perdido em casa com o Ajax. "Agora não é hora de apontar o dedo a ninguém", disse Bruno Lage em Frankfurt. Falou bem o treinador do Benfica e não terá sido apenas em legítima defesa que disse o que disse. Lage sabe, como qualquer um de nós, que ganhando o Benfica o campeonato haverá milhões que lhe elogiarão a sagacidade de se ter visto livre dos incómodos da Taça de Portugal e da Liga Europa em momentos cruciais da definição da temporada. 
Poderá até não ser verdade mas, francamente, foi o que me pareceu."

Leonor Pinhão, in Record

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