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domingo, 27 de janeiro de 2019

O estado a que 'isto' chegou

"Não se pode querer ser parte da solução e continuar a ser, ao mesmo tempo, parte do problema. É hora de sermos homenzinhos

«Isto está a ficar quase insuportável, pois está a passar-se limite do respeito pelas pessoas, mesmo em termos de vocabulário, com afirmações e insultos que não é bom para ninguém». A frase é de Sérgio Conceição e merece ser aplaudida, como merece qualquer uma de alguém que chame a atenção para aquilo em que se transformou o futebol português. Encerra, contudo, dois problemas. O primeiro é que não está totalmente correcta. Porque isto não está a ficar quase insuportável nem está a passar-se o limite do respeito pelas pessoas. A forma correcta de dizê-lo, para não fugir à verdade, é que isto está insuportável e há muito se passou o limite do respeito pelas pessoas. O segundo é que não pode, ou não deve, o treinador do FC Porto fazer de conta que ele próprio, e o clube que representa, não são, também, responsáveis pelo estado a que isto chegou. Porque não há, ao contrário do que quase todos querem fazer crer, apenas um culpado por aquilo que se está a passar hoje no futebol em Portugal. São, somos, muitos os culpados. Presidentes, dirigentes, treinadores, jogadores, árbitros, jornalistas, comentadores e adeptos. Era bom que todos o percebêssemos, pois só com a admissão dos erros poderemos avançar, de facto, para a sua resolução. Não se pode querer ser parte da solução e continuar a ser, ao mesmo tempo, parte do problema. O futebol português só pode andar para a frente se deixarmos de ser como o miúdo que parte o vidro do vizinho e começa aos gritos a acusar o amigo que lhe deu a pedra para a mão, como se nada tivesse, ele próprio, a ver com o assunto. É hora de sermos, todos, homenzinhos e assumirmos as nossas culpas. Porque isto não chegou onde chegou por artes mágicas. E também não mudará por magia.

«Fico muito frustrado com as derrotas, mas gosto de olhar para dentro e ver onde errámos. O VAR é importantíssimo para o futebol português. Há que melhorar em outros aspectos». A frase é de Frederico Varandas e merece ser aplaudida, como merece qualquer uma de alguém que chame a atenção para aquilo em que se transformou o futebol português. Não encerra, nela própria, qualquer problema de maior, pelo menos enquanto o presidente do Sporting se mantiver fiel a este princípio mesmo depois de perder com um ou outro erro de arbitragem. Merece, ainda assim, Varandas o benefício da dúvida, pois será, de todos, aquele que menos culpas terá nesta espécie de vale tudo contra os árbitros - se por andar cá há menos tempo que os outros se verá mais à frente. O único problema da frase foi mesmo o facto de ter aproveitado aquele iluminado momento de superioridade intelectual para uma indirecta a Luís Filipe Vieira e outra a António Salvador. Porque um dos aspectos que há que melhorar é precisamente esse: resistir à tentação de atacar os rivais só porque se tem uma câmara ou um microfone à frente e por muito que eles o mereçam. Caso contrário será, sempre, pescadinha de rabo na boca. Não pode Varandas chegar a um cruzamento e querer virar para a direita e para a esquerda ao mesmo tempo. Se quer ser diferente, que o seja de facto. E não só no que lhe convém.

Vários problemas tiveram as frases de Luís Filipe Vieira após o jogo com o FC Porto na Taça da Liga. É evidente que a dupla Carlos Xistra / Fábio Veríssimo teve noite para esquecer, em especial o segundo, que nunca conseguiu ser aquilo que o VAR nasceu para ser. Mas dizer, por isso que não apitar mais é ir demasiado longe. Seria o mesmo que o dizer que Vieira, por um dia ter contratado craques como Bebé, Taarabt, Carrillo ou Yannick Djaló, não poderia mais ser presidente do Benfica. Todos erramos.
(...)"

Ricardo Quaresma, in A Bola

PS:  O colunista, como bom sportinguista, é incapaz de despir a camisola, e não percebe que a satisfação do presidente do Sporting com o VAR deve-se simplesmente ao facto, de terem sido beneficiados pelo VAR em praticamente todos os jogos...
E quanto à comparação entre os erros do Vieira e o(s) erro(s) do Veríssimo, é absurda: pois se o Vieira comete erros na gestão futebolística do Benfica, é o Benfica que é prejudicado; quando o Verdíssimo comete erros sucessivos (sim, sucessivos), sempre em benefício dos mesmos clubes (Dragartos) e sempre prejudicando o Benfica, é óbvio que em condições normais nunca poderia apitar um jogo de futebol profissional!

2 comentários:

  1. e quanto à comparação com LFV ainda há outro aspecto. Os presidentes contratam jogadores antes de se mostrarem no clube, já o VAR toma decisões depois do facto e com recurso a repetições, haja decoro.

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  2. nunca deveria ter sido arbitro ou fazer parte da arbitragem por ter sido advogado dos réus no processo "apito dourado"!!!

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