"O essencial do Carnaval não é pôr máscara, é esconder a cara. Deve ser por isso que nosso futebol é tão sujo como era o Carnaval de Ovar nos anos 50. Só que o Carnaval de Ovar mudou, quando os ovarenses tiveram vergonha, e no nosso futebol isso ainda não aconteceu.
Felizmente, o mundo da "bola" pouco tem que ver com muitas outras áreas em que a nossa sociedade é reconhecida internacionalmente, como por exemplo a inovação, a tecnologia e o turismo. Se a imagem de Portugal dependesse do futebol, estávamos todos na quinta divisão do desenvolvimento.
Esta história dos dois VAR deixou-me preocupado. Sei que quando este texto for publicado já tudo aconteceu e, entre F. C. Porto e Sporting , um deles levou a taça entre choros e alegrias dos adeptos, mas o meu medo é que as coisas não corram bem e para a próxima não chegue só dois VAR irem a jogo.
Se tudo voltar a correr mal (e espero que não) hão de ser 4 VAR, quatro equipas, 4 treinadores, 4 presidentes e mais um triste espectáculo de Terceiro Mundo que o futebol nos volta a oferecer à maneira de Saltillo. Outro carnaval sujo, como infelizmente há memória.
Acontecia nos anos 50 do século passado, precisamente em Ovar, onde tudo era permitido entre os dois toques dados pela sirene dos bombeiros. Como hoje, em pleno século XXI, tudo pode acontecer entre as quatro linhas e os dois toques com que o árbitro inicia e finaliza uma partida de futebol.
Entre esses dois apitos, o Carnaval de Ovar transformava a cidade num campo de batalha; no carnaval do VAR é ainda pior, pois o campo de batalha e a chafurdice continuam, mesmo depois de o árbitro acabar com a festa.
O Carnaval de Ovar e o do VAR têm tudo a ver um com o outro, menos na forma como evoluíram ao longo do tempo. Os de Ovar não se reviam nesta festa e o "Carnaval sujo" terminou; os do VAR, não contentes com o espectáculo, duplicam a receita.
Só que uma coisa é um corso carnavalesco com cabeçudos e gigantones a desfilar nos bairros de uma cidade, outra é uma vergonha que nos empobrece a todos no horário nobre da TV."
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