"Quando conseguir resultados se torna um hábito
A Selecção Nacional garantiu o primeiro lugar do grupo e apurou-se para a final four da Liga das Nações. Foi até a primeira selecção a fazê-lo.
A notícia já é antiga, tem no momento em que escrevo pelo menos umas duas horas, a sensação é completamente inovadora. Muito moderna, aliás.
Ainda não há muitos anos, Portugal fartava-se de fazer contas, de projectar hipóteses, de avançar conjecturas. O sofrimento durava muitas vezes até ao último suspiro, até ao derradeiro apito.
Por isso o que se passa agora, o que se passou nesta Liga das Nações, no apuramento para o último Mundial ou na qualificação para o último Europeu, é uma saborosa novidade, que nos habitua a esta doce normalidade. Portugal nunca precisou de play-offs, nunca teve de fazer contas. Só no apuramento para o Mundial, aliás, necessitou do último jogo para se qualificar. De resto fê-lo sempre antes, com tempo, sem sobressaltos e sem fazer uso da especialização em matemática.
A Selecção Nacional está, portanto, a habituar-se a ganhar. Nem sempre joga bem, muitas vezes, como esta noite em Milão, fica até muito longe de o fazer, mas consegue resultados.
A cultura de vitória está a interiorizar-se no seio da Federação. Desconfio que foi por isso que não se viram festejos exuberantes na cara dos portugueses. Foi apenas mais um dever cumprido. Curiosamente em Milão, no lar de uma das selecções mais tituladas do futebol mundial.
Não teve brilho? Não teve, não senhor. Mas teve sucesso.
Mesmo sem Ronaldo, que não fez um único jogo nesta competição, Portugal soube ser maduro e mostrar que pode sobreviver ao fim daquele que será o melhor português de todos os tempos.
Por isso nesta altura, mais do que este, aquele ou outro jogador, mais do que aquela promessa de 19 anos ou a outra de 17, é esta cultura de vitória que garante o futuro da Selecção Nacional.
Esta doce normalidade."
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