"Julen Lopetegui foi sumariamente despedido da selecção espanhola a dois dias da sua estreia no Campeonato do Mundo de 2018. Por ironia do destino, o adversário é Portugal.
Ora, o que para nós importa é tentarmos perceber que impacto pode ter esta mudança brusca, brutal e drástica na selecção de Espanha.
O primeiro ponto da análise passa por entender o âmbito da decisão tomada pelo presidente da federação espanhola, Luís Rubiales. Seria impossível que Rubiales não tivesse zelosamente pensado nos prós e nos contras do lançamento da sua bomba atómica e por isso é imaginável que tenha encontrado melhores e mais fortes razões na decisão de demitir o seleccionador, apesar do impacto universal do acto. Menos mérito terá, então, achado na tolerância mediaticamente menos exuberante da traição de Madrid, o que o levaria a manter o seleccionador, apesar de sujeito a todo o tipo da pressão do Barcelona, da Catalunha e de todo o país espanhol que não se revê, nem história, nem desportivamente, no poder castelhano.
O trabalho maior será o de tentar minimizar os efeitos sobre os jogadores, psicologicamente adaptados ao estilo, ao critério, ao conceito táctico, à disciplina, à forte personalidade de Lopetegui. Pensava-se que Fernando Santos tinha uma missão muito difícil para conseguir disfarçar os preocupantes efeitos da ventania sportinguista sobre quatro dos seus jogadores. Uma tarefa de menino, comparada com aquela que a nuestros hermanos cumprirá executar após o ciclone que abalou Espanha. Contudo, desconfio que a selecção espanhola sacudirá a poeira e dará a volta por cima."
Vítor Serpa, in A Bola
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