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quarta-feira, 21 de março de 2018

Números e sonhos

"O FC Porto em 27 jogos teve 12 deles arbitrados por juízes da Associação do Porto, ou seja, 45%!

Benfica melhor
... E faltam 7 jornadas para terminar o Campeonato e 3 jornadas para o importante, mas não necessariamente decisivo Benfica - Porto. O Benfica passou com distinção em Santa Maria da Feira, dominando do primeiro ao último minuto, num relvado difícil como alguns poucos que ainda há em 2018 na principal competição portuguesa. Em termos de consistência de jogo, foi dos melhores encontros do Benfica, mantendo-se sempre por cima. A equipa está confiante, os seus movimentos são fluídos, os jogadores estão em excelente condição física e em forma apurada.
Curioso e talvez surpreendente depois de um primeiro terço do campeonato menos conseguido é o facto de o Benfica ter, à mesma 27.ª jornada, mais 3 pontos do que tinha na época anterior (igual número de empates, 5 e menos uma derrota, 1), com mais 14 golos marcados (71 contra 57), aparentemente com uma equipa com menos soluções do que antes. A diferença que explica a razão pela qual o Benfica não é líder está, pois, no melhor campeonato que o Porto está a fazer em comparação com 2016/17. Já quase estatisticamente relevante é a circunstância de Rui Vitória ter começado menos bem os três campeonatos que leva à frente da equipa e os terminar em notável ascendência.
Voltando ao jogo com o Feirense, alguns apontamentos: Raul Jiménez deve ser o melhor 12.º jogador não só do Benfica (a par com Mantorras, lembram-se?), como, creio, da maioria das equipas europeias. Desta feita, um autêntico furacão marcando o golo e desbloqueando o resultado meio minuto depois de ter entrado e fazendo uma brilhante e inteligente assistência para o golo de Rafa. O golo não foi por acaso, resultou da enorme determinação com que sempre entra em campo, sem amuos ou tergiversações por estar no banco, e com o instinto matador numa oportunidade em que a maioria dos jogadores nas mesmas circunstâncias não visaria a baliza. Rafa voltou a ser um desequilibrador. Marcou, expulsou e imprimiu sempre o fundamental num jogo de futebol que é a velocidade. Pena o azar dos remates aos postes e ainda alguma indefinição quando chega ao momento final da concretização. Pizzi voltou e, com ele, a geometria do passe e a boa visão de jogo colectivo. Às vezes, dá a ideia de que não é tão fundamental como isso, mas basta comparar com a falta que fez no jogo contra o Desportivo das Aves. Por fim, saliento André Almeida, que está um senhor lateral-direito, não apenas a defender, mas sobretudo a atacar e a assistir colegas. Pena que o seleccionador nacional não o tenha escolhido para os próximos jogos de Portugal. Sou de opinião que o mereceria, não só pela excelente forma que atravessa, como também por ser um jogador bastante útil pela sua polivalência.

Concentração arbitral
Dei-me ao trabalho de fazer uma pequena contabilidade da nomeação de árbitros no campeonato nacional. Por mera curiosidade pessoal. Mas confesso, agora, que fiquei algo surpreendido com alguns aspectos estatísticos, no que se refere aos juízes que arbitraram os jogos dos três grandes. Foi assim nas 27 jornadas já realizadas:
Distribuição dos árbitros por jogos dos 'grandes'
Benfica: Ass. Porto - 9; Ass. Lisboa - 5; Ass. Braga - 3; Ass. Castelo Branco - 3; Ass. Setúbal - 2; Ass. Évora - 2; Ass. Leiria - 1; Ass. Faro - 1; Ass. Vila Real - 1
FC Porto: Ass. Porto - 12; Ass. Lisboa - 4; Ass. Braga . 3; Ass. Castelo Branco - 3; Ass. Leiria - 3; Ass. Setúbal - 1; Ass. Évora - 1
Sporting: Ass. Lisboa - 8; Ass. Porto - 6; Ass. Évora - 4; Ass. Braga - 3; Ass. Castelo Branco - 3; Ass. Leiria - 1; Ass. Setúbal - 1; Ass- Faro - 1
Os números valem o que valem e, como todos sabemos, podem ser torturados até ao limite, neste caso em função do nosso subjectivismo e preferências clubistas. E bem sei que as Associações estão diferentemente representadas em termos de números de árbitros.
Deixo, apenas, aqui algumas perplexidades de, chamemos-lhes, assimetrias geográficas. O FC Porto em 27 jogos teve 12 deles arbitrados por juízes da Associação do Porto, ou seja, 45%! Já o Sporting é o preferido para nomeações de árbitros da associação geográfica de Lisboa: 8 em 27 (30%) e o menos contemplado com arbitragens do Porto. O Benfica é, dos 3 clubes, o único em que a Associação distrital a que pertence não ocupa o primeiro lugar, que é avantajadamente preenchido pela AF Porto. Haverá algum critério para assim ter sido ou é fruto do acaso? Podemos tirar alguma conclusão destes números ou estaremos a especular injustamente? Cada um que responda por si.
Curiosa é também a circunstância de só o Benfica ter sido escolhido para ser arbitrado por juízes de todas as Associações representadas. Uma única nota para o número de Castelo Branco (9 vezes) que se deve a um único árbitro: Carlos Xistra.

Champions: mais do mesmo
Nada de novo, nos quartos-de-final da Champions, competição glamorosamente destinada a atribuir títulos, dinheiro e honrarias aos do costume. Desta vez, lá estão 3 equipas espanholas (sem o Atlético de Madrid, que calhou na fava ao resistente Sporting na Liga Europa), 2 italianas, 2 inglesas e o obrigatório conjunto alemão do Bayern. Só falta o francês PSG. O melhor jogo (eliminatória, diria mesmo) foi o Juventus - Tottenham, com os italianos mais felizes e os ingleses mais empolgantes. Pessoalmente, gostei que a equipa de Turim tivesse passado por uma única e forte razão para continuar a ver jogar nesta competição o grande e eterno guarda-reeds, Gianluigi Buffon. Um senhor no mundo de fantasias e ardis que é o futebol contemporâneo. Pena não estar no Campeonato do Mundo depois da eliminação da sua squadra azzurra.
Repare-se a concentração das equipas nos últimos sete anos de Champions (ou seja, desde 2011):
Países representados nos 'Quartos' da Champions:
2011/12: Espanha(2); Alemanha(1); Inglaterra(3); França(0); Itália(1); + Shakhtar
2012/13: Espanha(3); Alemanha(2); Inglaterra(0); França(1); Itália(1); + Galatasaray
2013/14: Espanha(3); Alemanha(2); Inglaterra(2); França(1); Itália(0); + (0)
2014/15: Espanha(3); Alemanha(1); Inglaterra(0); França(1); Itália(1); + FC Porto
2015/16: Espanha(3); Alemanha(2); Inglaterra(1); França(1); Itália(0); + Benfica
2016/17: Espanha(3); Alemanha(2); Inglaterra(1); França(0); Itália(1); + (0)
2017/18: Espanha(3); Alemanha(1); Inglaterra(2); França(0); Itália(2); + (0)
Total: Espanha - 20 (35,7%); Alemanha - 11 (19,6%); Inglaterra - 9 (16,1%); França - 6 (10,7%); Itália - 6 (10,7%); Outsiders - 4 (7,1%)
Mais de um terço de equipas espanholas, este ano com o Sevilha a entrar depois de eliminar o Man United. A Itália é quase sinónimo de Juventus e o mesmo se diga do PSG em França. Fica-nos o prémio de consolação, pois que tirando os 'cinco', Portugal surge logo a seguir com duas entradas dos dois principais clubes portugueses.
Salvo qualquer tropeção nos sorteios (foi o caso do Real Madrid - PSG) não é preciso ser adivinho para saber quem atinge esta fase da competição. O resto é o warm-up dos favoritos e umas massas para arrecadar nas fases anteriores pelos outros clubes. Já lá vai o tempo em que equipas portuguesas, holandesas, escocesas, sérvias, romenas, etc. podiam aspirar a erguer a orelhuda.

Grande illiabum
O Illiabum Clube venceu a Taça de Portugal em basquetebol, derrotando, com todo o merecimento, o mais que favorito Benfica que havia afastado o FC Porto. Um feito histórico para o clube da minha terra natal Ílhavo, e do qual fui, até há meses, presidente da Mesa da Assembleia-Geral. Quis mais uma vez que o sucesso fosse contra o meu Benfica, tal como havia acontecido em 1992 na Supertaça. Seria a sua 21.ª Taça, mas para o Illiabum seria e foi a primeira! Não sei se a soma de todos os salários do Illiabum chegarão ao salário do jogador pior pago no plantel da Luz. Para vencer o campeão nacional foi necessária muita garra, determinação e engenho. O basquetebol de Ílhavo já há muito merecida este título inédito, depois de ao longo dos seus 74 anos de história ter conquistado muitos títulos nas categorias ao Illiabum Clube (sou o sócio n.º 137), ao actual e anterior presdientes Pedro Rosa Novo e Artur Aguiar. A semana passada havia jantado com este último e falámos da 'utopia' que seria a vitória ilhavense. Uns dias depois a 'utopia' tornou-se realidade.

Contraluz
- Frase: «Ninguém se compara a mim»
Ronaldo dixit. Fez-me lembrar Oscar Wilde quando disse (neste caso à polícia) que nada tinha a declarar a não ser o seu talento. Ronaldo é de facto quase incomparável, mas falta o quase.
- Decepção: Grandes jogos da equipa feminina de hóquei em patins do Benfica na final four da Liga Europa, onde perdeu na final com as espanholas de Gijon. Foi pena, mas o técnico e brilhante ex-jogador encarnado Paulo Almeida e a equipa pentacampeã nacional prestigiaram o SLB.
- Vergonha: Os petardos recorrentes.
Mas não será possível erradicar esta estúpida e cretina forma de apoiar uma equipa de futebol? As multas, claro está, pagas pelos clubes, leia-se pelos sócios que não atiram petardos, nada resolvem. Do lado dos apoiantes do Benfica que são useiros e vezeiros nesta prática não haverá maneira de prevenir estes abusos?"

Bagão Félix, in A Bola

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