Últimas indefectivações

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O estranho caso dos envelopes desaparecidos

"António Araújo e Luís Gonçalves - hoje novamente a ocupar um cargo de relevo no FC Porto - foram dos suspeitos mais referidos nos relatórios elaborados pelos inspectores da Polícia Judiciária ao longo do Processo Apito Dourado. Vejam porquê...

Poderíamos passar longos e longos meses a discutir por estas páginas aquilo que um tal presidente de clube com um currículo bem triste no futebol português pretendeu chamar de bandalheira. E, curiosamente, a palavra bandalheira encaixa como uma luva numa organização que foi desfeita pela Polícia Judiciária ao longo de anos e que levou a castigos duríssimos mais tarde aplanados pela habitualmente cobarde justiça desportiva.
Hoje recordarei aqui mais um ou outro episódio daquilo que se pode com propriedade chamar bandalheira.
Vejamos.
A 19/2/2004, António Araújo, empresário, comentou com Luís Gonçalves, engenheiro ligado à SAD portista e que se senta, hoje em dia, regularmente no banco do FC Porto nos dias em que não se encontra suspenso por falta de respeito para com os árbitros, que andava a fazer um 'serviço' muito importante para o Futebol Clube do Porto.
Nesse mesmo dia, à noite, António Araújo foi encontrar-se pessoalmente com Augusto Duarte, em Braga, junto ao Café Ferreira.
O Nacional venceu o Benfica por 3-2.
Depois do jogo, Augusto Duarte e António Araújo combinaram que iriam juntos ver o jogo FC Porto - Manchester United, a 25/2/2004, no Estádio do Dragão. O bilhete de Augusto Duarte seria arranjado por António Araújo e daria acesso à chamada zona VIP, com direito a 'comes e bebes'. Pelo teor desta conversa, Augusto Duarte e António Araújo iriam também tratar de outros assuntos, nomeadamente das 'contrapartidas' pela actuação do árbitro no jogo Nacional-Benfica: '...Nós na quarta-feira, eu... portanto... junta-se a fome à vontade de comer!'
Continuemos a leitura do relatório elaborado pelos inspectores da Polícia Judiciária: 'Entretanto o presidente do Nacional informou António Araújo de que tinha estado a falar com Jorge Nuno Pinto da Costa sobre a derrota do Benfica ante o Nacional. O presidente do Futebol Clube do Porto, radiante, teria exclamado: 'Esses já não nos vão chatear mais!' Ainda sobre a actuação alegadamente tendenciosa de Augusto Duarte, António Araújo comentou que: 'Manda quem pode, obedece quem tem juízo'. O presidente do Nacional rematou que teria ainda de falar com António Araújo sobre esse assunto: 'Depois falamos sobre isso'. Presume-se assim que António Araújo veio a ser ressarcido por eventuais gastos que teve com Augusto Duarte.'

Estranhas dívidas
"(...) No dia 27/2/2004, António Araújo, contactou Fernando Gomes, da SAD portista, aparentemente com o intuito de que este lhe desse dinheiro para pagar a um árbitro, presumivelmente Augusto Duarte. Fernando Gomes esclareceu que só poderia tratar dessa 'situação' na segunda-feira, dia 1 de Março. Usando palavras em código, António Araújo combinou então que iria ligar para o 'fiscal' (presumivelmente o árbitro) para marcar a 'vistoria' (pagamento) para terça-feira. Fernando Gomes concordou: 'Eu entrego-lhe isso na, na segunda, e combina com ele na terça, está bem?' E acrescentou: 'É mais seguro'. Presumivelmente por motivos de liquidez financeira."
No dia 26 de Março de 2004, o FC Porto recebeu em casa com o Moreirense. Estávamos na 28.ª jornada, e o árbitro foi Martins dos Santos, sendo Serafim Nogueira um dos seus assistentes.
A Polícia Judiciária estava na peugada de Martins dos Santos há bastante tempo: 'Dois dias antes do jogo, Martins dos Santos teve uma conversa altamente suspeita com o seu colega de equipa Serafim Nogueira.
Do teor dessa conversa pode extrair-se claramente que uma das equipas do jogo em questão pagou à equipa de arbitragem para poder ser beneficiada'.
Vamos aos pormenores: «De facto, Martins dos Santos ligou para Serafim Nogueira para saber se ele tinha ido a um 'determinado sítio' 'levantar' uns envelopes destinados aos membros da equipa de arbitragem do referido jogo: 'Foste lá?', perguntou Martins dos Santos. Então Serafim Nogueira informou que não havia trazido nenhum envelope para o árbitro principal: 'Não tinha nada para ti. Não sei como é que eles fizeram, pensei que tivesses levantado isso, tu! Ou então... como vais ser tu o árbitro, pensei que tivesses... sido as coisas feitas de outra maneira... (...) ... e eu disse: então, e o envelope do Martins? Não está aqui nada!'
Serafim Nogueira sugeriu então a Martins dos Santos que ligasse a um 'determinado' indivíduo para esclarecer a situação deste presumível 'pagamento': 'Liga-lhe a ele, para ver o que é que se passa'.
Presume-se que este individuo, aqui designado por 'ele', seria o intermediário do clube em questão. Pode efectivamente interpretar-se que Martins dos Santos e o seu colega estariam a falar de um pagamento em dinheiro. Todas as expressões utilizadas indicam que o assunto seria um 'pagamento' efectuado por um clube.
Aliás, Serafim Nogueira adiantou a hipótese de o 'intermediário' ainda não ter recebido o dinheiro em questão: 'ele, se calhar, vai receber de outra maneira...' E pode também interpretar-se que Martins dos Santos havia pedido mais dinheiro do que era habitual: 'Eu tinha-lhes pedido mais, estás a entender? (...)... só se ele andar a tentar arranjar'.»
O FC Porto venceria o Moreirense por 1-0."

Afonso de Melo, in O Benfica

1 comentário:

  1. nisto não acreditam os bebés do bando de antibenfiquistas do forum serbenfiquista.com! não passam de um grupinho de infiltrados dragartos e inocentes que se dizem benfiquistas mas que comem todas as semanas qualquer merda que a nojenta comunicação social lançar cá para fora!
    são tão limitados que já foram enganados n vezes mas continuam a acreditar no que CM e outras merdas debitam!
    com gente desta a dizer-se benfiquista até prefiro os dragartos!

    ResponderEliminar

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!