Últimas indefectivações

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Hóquei e estórias da história

"O SCP e o FCP juntariam mais quatro títulos e o SLB mais três, pormenor que o presidente do Sporting finge não conhecer.

Título mundial em hóquei
todas as razões para não começar esta minha crónica semanal pelo futebol. Não porque não haja motivos de sobra para sobre ele discorrer, mas porque quero aqui principal por salientar a conquista pelo Sport Lisboa e Benfica da Taça Intercontinental de hóquei em patins.
Tivesse sido um amuo de Cristiano Ronaldo ou uma entrada no facebook dos habituais artífices do jogo não jogado e, certamente, mais se realçariam tais nucleares factos (ou uma versão que nem o AO autoriza e engolindo o c que se pronuncia, fatos como li em A Bola há dias, eu que foi através dela que comecei, criança, a respeitar a língua portuguesa).
O Benfica conquistou o título mundial de clubes derrotando uma forte equipa argentina e o detentor da Liga Europa, o Réus, na sua própria cidade. Felizmente, desta vez nem tive de ouvir a gritaria enviesada do relato da TVI24, porque a RTP2 transmitiu o encontro, narrado e comentado com sabedoria e critério.
A final foi muito bem disputada e o Benfica mereceu inteiramente vencer o jogo. Os jogadores foram inexcedíveis, desde do capitão Valter Neves ao mágico Nicolía, desde o decisivo Adroher aos seguros guarda-redes Pedro Henriques e G. Trabal, desde o influente João Rodrigues aos irmãos Rafael (com o Diogo corajoso, depois de um choque tremendo no jogo anterior), desde o jovem Vieirinha ao sempre útil Miguel Rocha. Uma equipa superiormente conduzida pelo técnico Pedro Nunes.
Não é que sirva de compensação, mas este título soube-me muito bem, depois da subtracção escandalosa do título nacional em Junho passado. Um troféu que o Benfica conquista em dose dupla nas últimas épocas e que, em Portugal, só o Óquei de Barcelos havia conquistado também uma vez.

Taça e campeonato
A jornada do Campeonato não trouxe nada de novo. O Sporting venceu bem o Portimonense e o Porto ultrapassou, com mais dificuldade, o Marítimo, jogando ambos uma parte significativa das partidas com mais um jogador, o que já começa a ser um hábito. Quanto ao Benfica, eram muitas as análises e conjecturas da partida em Tondela. Desta vez, a equipa encarnada jogou ao tom dela. Uma vitória tranquila com Pizzi finalmente a estrear-se a marcar dois golos e Jonas que, não fosse Portugal estar agora com um ranking inferior que não permite aplicar a bitola de dobrar os golos, estaria agora a comandar a luta pela Bota de Ouro dos melhores artilheiros da Europa, à frente de Messi e Ronaldo e outros consagrados atacantes.
O momento era psicologicamente delicado para a equipa e para o treinador, após a eliminação da Taça de Portugal em Vila do Conde. Neste jogo a conhecida 'lei de Murphy' foi implacável para o Benfica. Tudo o que tinha de correr mal, correu pior. Na primeira parte, a equipa fez, na minha opinião, o melhor jogo da época. Domínio total e resultado escasso. Depois o vendaval de infelicidades, embora não queira tirar o mérito ao maduro e estável Rio Ave. Escorregadelas, penálti falhado pela primeira vez em jogos oficiais por Jonas, lesão de Luisão, etc.
Já em Tondela, o Senhor Murphy resolveu ir passar o Natal a casa e o fantasma de um resultado negativo depressa se esvaneceu.
Agora já não há Taças para o Benfica. Nos quartos-de-final há equipas dos 3 escalões, o que é interessante e exprime uma das facetas digamos democráticas destas competição. Da principal Liga, restam Porto, Sporting, Rio Ave, Moreirense e D. das Aves. Gostava que o Rio Ave, que eliminou o Braga e o Benfica, chegasse à final. O Sporting estará certamente nas meias-finais, com as bolinhas do sorteio a nunca escolherem como adversário equipas da 1.ª divisão. O Porto venceu o Vitória de Guimarães, com o treinador vitoriano a deixar de fora meia-equipa e os melhores atacantes, não sei se menorizando esta competição (!), se optando por privilegiar o decisivo jogo com o Moreirense para a Liga (onde perdeu) e se - no caso de Raphinha - terá antecipado uma hipotética e falada transferência para o Porto...

Revisionismo histórico

Ora aí está. Uma Comissão Independente (o que quer dizer, neste caso, independente?) para analisar e propor uma solução para um não caso. Refiro-me à entrega ao Sporting Clube de Portugal de mais 4 títulos de Campeonato Nacional num tempo em que não havia campeonato nacional. Brilhante ideia revisionista!
Só num ponto a direcção do SCP pode reivindicar essa revisão. Refiro-me à coincidência parcial de nomes das competições, que não à sua estrutura e modo de conquistar o título. Ou seja, uma mera questão de onomástica futebolística, mas não de essência competitiva.

Nos anos 20 e 30 do século passado, as poucas equipas que existiam jogavam em regime de eliminação e o vencedor era chamado 'campeão de Portugal'. Uma competição semelhante à agora Taça de Portugal que coexiste com o Campeonato Nacional (ou Liga).
Por isso, sabendo-se que este torneio foi extinto em 1937/38 e logo substituído pela Taça de Portugal no ano seguinte, é defensável equiparar estes títulos aos da actual Taça, mas nunca aos campeonatos em que todos jogam contra todos a duas voltas.
Se este revisionismo, por absurdo, tivesse vencimento, importa referir que muito pouco mudaria entre os três grandes. O SCP e o FCP juntariam mais quatro títulos e o SLB mais três, pormenor que o presidente do Sporting finge não conhecer. Curioso porque sendo assim, o Benfica estaria este ano em busca do seu 40.º título em vez do seu 37.º ceptro.
Mas este revisionismo daria enormes alegrias ao Belenenses que passaria a ter quatro títulos máximos. E, certamente, faria parar Olhão e Funchal com o Olhanense e o Marítimo a serem campeões nacionais, ainda que com retroacção de quase 100 anos. Por fim, o Carcavelinhos levantaria o enferrujado troféu, apesar de não se saber quem o receberia e para onde iria, pois, o clube foi extinto em 1942! Curioso é que esta vitória do Carcavelinhos ocorreu em 1927/28, e teve como opositor na final o reclamante Sporting, então derrotado por 3-1.
Uma festarola para estes clubes, mas também para a direcção do SCP que assim desjejuava de 15 anos sem vencer o Campeonato, ainda que, no tempo, por via invertida.
Por fim, é estranho que clubes como o Belenenses e o Marítimo aproveitando a boleia da criação da referida Comissão junto da FPF se venham agora juntar ao Sporting nesta revisão secular. Então e antes não se tinham lembrado disto?
Só mesmo por cá esta anedota de discussão de contagem heterogénea de títulos de há quase 100 anos!

Contraluz
- Moda: Falar com a mão a tapar a boca
Um mistério que, virulentamente, se espalhou por todos os campos e por todos os intervenientes. Mesmo que estejam a falar de bacalhau com broa ou da marca de potentes carros, lá andam treinadores, técnicos e jogadores a falar de modo a que não se vejam os movimentos labiais. Segredos de Estado? Orações de fé? Espionagem industrial? Catálogo de impropérios? Só sei que, às vezes, seria bem melhor nem abrirem a boca e terem um kit de mãos livres...
- Vaidade: Fábio Veríssimo
Pode ser que venha a ser um excelente árbitro, que ainda não é. Mas para isso talvez lhe ficasse bem não ser tão exuberante vaidoso e convencido em campo, como se, naqueles 90 minutos, tivesse um poder quase teocrático. Como em tudo na vida, uma das competências fundamentais é não deixar que a aparência esconda a essência.
- Coincidência: Os actuais campeões não lideram agora
Se exceptuarmos o Bayern de Munique, o Shakhtar Donestsk e o Olympiakos, temos na Inglaterra, o Chelsea a 14 pontos da liderança, o Feyenoord a 14, o Anderlecht a 13, o Real Madrid a 11 pontos (menos um jogo), o Mónaco a 9, o Spartak Moscovo a 8, o Besiktas a 3, o Benfica a 3, o Basileia a 2 e a Juventus a 1. Ao todo, 78 pontos de atraso! Uma verdadeira razia!"

Bagão Félix, in A Bola

2 comentários:

  1. Cuidado Dr. Bagão. É que atribuição dos títulos de 1927 a 1938 faria com a Liga Experimental (1934-1938) ganha por 3 vezes pelo SLB provavelmente não contasse porque não poderia haver dois Campeões no mesmo ano. Logo o SLB ganharia 3 pelo Campeonato de Portugal mas perderia 3 pela Liga Experimental cujos números estão integrados nos nossos 36 títulos. Ai está a jogada lagarta... Mais 4 prós lagartos e nenhum para o SLB que manteria os 36!
    É não uma forma de evitar que digamos como habitualmente... Bi18

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O que todos os benfiquistas devem defender é que os números do Campeonato de Portugal integrem os números da atual Taça de Portugal cujo troféu é o mesmo desde sempre. Atente se que na FPF o troféu tem uma placa de todos os vencedores... Desde o Carcavelinhos em 1927 até ao SLBenfica em 2017...
      Percebido pessoal?

      Eliminar

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!