"Miguel Oliveira terminou a época de Moto2 de forma brilhante, vencendo as últimas três corridas. O feito é admirável, mas daí a apontar o piloto português como futuro campeão do Mundo em MotoGP (a 1.ª divisão), como ouvi a um comentador, num programa televisivo, no intervalo de mais uma discussão sobre arbitragem no futebol, é um salto para ‘fora de pé’. Desde logo porque Oliveira ainda nem chegou a esse patamar e quando o atingir (é provável que o consiga em 2019) terá de obter grandes resultados de forma rápida para poder figurar na ‘short list’ de candidatos aos lugares que valem títulos: os das equipas oficiais da Honda e Yamaha (e Ducati, talvez).
O MotoGP é dominado desde há largos anos pelas ‘armadas’ espanhola e italiana. A força conquistadora do eixo USA-Austrália (décadas de 1980 e 1990) acabou com o início do novo século e na actualidade existe o fenómeno catalão de 24 anos chamado Marc Márquez, que ainda tem muito tempo pela frente para ultrapassar Valentino Rossi em número do campeonatos ganhos na categoria (7 contra 4).
Apontar já Miguel Oliveira ao título de MotoGP é desconhecer o contexto em que o Mundial se disputa hoje: quase um terço das corridas faz-se em circuitos espanhóis (4) e italianos (2); os patrocinadores da Honda e da Yamaha são espanhóis; a Ducati é italiana. Logo, os pilotos dessas nacionalidades são escolha normal e prioritária se igualarem os outros em qualidade. De momento, não só igualam como superam: vejam quem figurou no top 5 de MotoGP/Moto2/Moto3 em 2017 - 7 espanhóis, 6 italianos, um suíço e um português nos 15 melhores.
As principais equipas têm pilotos sob contrato até 2018. Valentino Rossi (Yamaha) e Dani Pedrosa (Honda) já não estão em idade de ganhar, pelo que poderão abrir aqui duas vagas. Mas Marc Márquez (Honda) e Maverick Viñales (Yamaha) terão lugar garantido no topo. O futuro próximo será deles. E mesmo no Mundial de Moto2, em 2018, Miguel Oliveira terá de ser (quase) perfeito para superar (principalmente) a concorrência de Alex Márquez e Brad Binder."
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