"Svilar e Varela: um tratamento diferente para jogadores diferentes e em contexto diferentes, mesmo que quase todos insistam em vincar o contrário.
No início da época, Varela preparava-se para ser número 3, atrás de Júlio César e de mais um guarda-redes que haveria de chegar mas nunca chegou. Como tal, Júlio César começaria como número 1, com Varela promovido a 2 e Paulo Lopes a adiar a reforma. Mas Júlio César lesionou-se e Varela começou a titular, respondendo globalmente de forma positiva, mesmo sem convencer em absoluto (pelo menos a mim).
No entretanto, o Benfica agarra a oportunidade de contratar Svilar, uma grande promessa e coloca-o na equipa principal para crescer mais depressa. Seria o número 3. Quando Varela dá o frango no Bessa, Rui Vitória tinha uma alternativa óbvia e jogou-a, Júlio César. Mas os jogos em Basileia (sobretudo) e até na Madeira (o golo do Marítimo...), mostraram que o imperador perdeu qualidades: refugiado entre os postes, lento a ler o jogo e a reagir, frágil nos duelos. Restava Svilar.
Sim, nunca deveria ter surgido nesta fase como a opção mais lógica, deveria ter tido mais tempo para se preparar, mas, perante a realidade, Rui Vitória foi corajoso (era bem mais confortável manter Júlio César ou Varela...).
O critério? Simples: tendo 18 ou 58 anos, Svilar é guarda-redes com perfil de equipa grande, coisa que Júlio César já não é e Bruno Varela não me parece que alguma vez venha a ser, com todo o respeito por ambos.
O risco da inexperiência? Ninguém pode garantir que é maior do que em relação à permanência de Varela ou Júlio César na baliza, pelo que foi dado a ver. Por outro lado, há por aí outra confusão: um treinador não é obrigado a tratar da mesma forma todos os jogadores que erram, era o que faltava! Depende dos contextos, das alternativas e do grau de confiança no presente e futuro de cada jogador.
Rui Vitória tem o direito de acreditar mais no A, no B ou no C e segurá-los ou retirá-los em função disso. Apostar em Svilar é, para mim, ganhar o tempo que poderia ser perdido com a aposta continua em Varela ou Júlio César."
Gonçalo Guimarães, in A Bola
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