"Por vezes sou acusado, enquanto comentador da BTV e colunista d'O Benfica, de me focar excessivamente nos adversários, incorrendo, inclusivamente, numa suposta infracção das directrizes emanadas da política de comunicação do clube, em que se pode aos benfiquistas que se preocupam somente com o Benfica.
Porém, do meu ponto de vista, preocupar-me com o nosso Benfica é precisamente o que faço com o privilégio que me é oferecido, mesmo quando as práticas portistas ou sportinguistas são o tema central das minhas análises. O Benfica não compete sozinho ou unicamente contra si próprio. O Benfica está inserido num contexto que, por sua vez, é constituído por diversos agentes, cada qual com um determinado comportamento. Neste momento, parece-me evidente que a postura dos nossos rivais é norteada por um objectivo partilhado entre si, o qual, numa primeira fase, se confunde com o interesse de cada um e, por isso, vai adiando o risco de colisão. Por outras palavras, Sporting e Porto pretendem interromper a hegemonia benfiquista no futebol português. Até ver, o importante para eles é que o penta benfiquista seja evitado. Se, por acaso, o Benfica não puder ser campeão, só um deles poderá sê-lo, e aí, sim, um deles dará o primeiro passo contra o outro. Compete-nos zelar pelo adiamento desse momento, pelo que teremos de ser competentes no campo e fora dele, denunciando os ataques infames gizados no Lumiar e nas Antas, combatendo a fusão de interesses entre os principais adversários e defendendo-nos dos sucessivos ataques protagonizados por desesperados aparentemente sem quaisquer escrúpulos. É pena que assim seja, mas é o que temos..."
João Tomaz, in O Benfica
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