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sexta-feira, 2 de junho de 2017

Uma vez mais a pregar no deserto

"O futebol vai fazer girar, durante o defeso de 2017, verbas nunca antes sonhadas. Está instalado, na Europa rica, um clima de confiança face ao retorno dos investimentos no desporto mais popular do planeta, que permite gastos principescos que, em contrapartida, geram retornos faraónicos. Portugal, na sua qualidade de produtor/exportador, vai beneficiar em larga escala destes bolsos fundos dos principais clubes do Velho Continente.
Porém, essa circunstância não vai ajudar de forma determinante o futebol nacional, nem mesmo aumentar a competitividade do mesmo. Os principais clubes, com os negócios que estão em cima da mesa, vão facturar, equilibrar contas e, até, investir em maior capacidade para competir fora de portas. Mas esta lua que se vê brilhar com reflexos de ouro também tem um dark side. Com o imperativo de centralização dos direitos televisivos chutado para canto e adiado para as calendas, o fosso entre ricos e pobres vai aprofundar-se e na próxima época teremos clubes, que são adversários na I Liga, a viver com orçamentos de 100 milhões de euros e outros que não chegam sequer aos quatro milhões.
Não é preciso ser muito perspicaz para perceber que, neste cenário, é escusado esperar jogos equilibrados, equipas a pensar futebol positivo e uma melhor qualidade de espectáculo. Obviamente, perante a diferença de meios em presença, ninguém poderá levar a mal as carreiras de autocarros que fazem a ligação entre os estádios da I Liga e estacionam em frente às balizas.
Infelizmente, não se vê ninguém, nos lugares de poder, interessado em debater este problema. Nós vamos pregando no deserto..."

José Manuel Delgado, in A Bola

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