"Venha o jogo, por favor! Já chega de tantas palavras gastas com a ciência-do-antes que, não raro, é contraditada pela ciência-do-depois, ainda que produto das mesmas mentes qualificadas. Já chega de provocações minudentes que, de tão inchadas e exploradas pelos jornais e televisões, até parecem relevantes. Já chega de considerar que os jogadores de ambas as equipas, maduros, bem pagos e homenzinhos se deixam facilmente influenciar pelas diatribes por palhaços do costume. Já chega de discutir a escolha do árbitro que, coitado, no fim - e seja qual for o resultado - não tem ninguém para o defender dos seus erros (os únicos que nunca são... desculpáveis). Já chega de tantas conferências de imprensa para, no fim de contas, nada se dizer, apenas de muito se falar. Já chega de comunicados patéticos e mirabolantes de terceiros que, assim, se preparam para o seu campeonato (leia-se jogo contra o Benfica). Já chega de claquistas promovidos a homens de Estád(i)o pela mui nobre Federação Portuguesa de Futebol. Já chega de programas e progaminhas televisivos que vão instilando a esterilidade da discussão e fornecendo achas para o estúpido ódio que, perigosamente, se pressente nestas alturas das competições.
Venha o jogo, por favor. Com o Estádio da Luz, luminoso. Com a nossa liberdade de sermos fervorosos adeptos. Com a nossa responsabilidade de contribuir para a beleza de um jogo muito decisivo para os dois clubes. Com o espírito aberto para o usufruto do gáudio da vitória. Ou o de se ser capaz de domar a tristeza.
E que o dia 1 de Abril não seja o dia das mentiras, como quase todos os dias."
Bagão Félix, in A Bola
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