"Considerações estéticas à parte, gosto do monumento por se tratar de uma iniciativa popular, via orçamento participativo da CML, e por ser justa. Cosme teve a capacidade de liderar, pelo exemplo, a construção da utopia Benfiquista. Sem Cosme, não haveria o Benfica que tanto amamos.
No entanto, reconheço existir conflituosidade na forma como encaro a homenagem a um dos nossos fundadores. A nossa divisa, 'E pluribus unum', que, em 'benfiquês', significa 'Um por todos e todos por um', traduz o ideal Benfiquista de e para todos. O próprio Cosme sempre se mostrou discordante da personificação dos feitos Benfiquistas, sobretudo em causa própria. Todos contribuem (ou deveriam) na medida das suas possibilidades para o engrandecimento do SLB e ninguém é dispensável desse desiderato.
E Cosme tinha razão: A rejeição do providencialismo acaba por ser um mecanismo de defesa do Clube, não o deixando refém daqueles que, em determinada altura, se evidenciam pela sua capacidade de servir a causa. Porém, não nos deveremos deixar enredar num tradicionalismo exacerbado. Levar Cosme à letra seria um erro. Muito do que defendeu, se aplicado hoje, seria anacrónico e prejudicial. Considero inteiramente justo homenagear Cosme, só me incomodando a tendência recente para o transformar numa espécie de messias do Benfiquismo. Assim como Cosme (e Eusébio e Guttmann), outros há merecedores de destaque: Goularde, Bermudes, Ribeiro dos Reis, Conceição Afonso, Bogalho, Maurício Vieira de Brito, Borges Coutinho e tantos, tantos outros... Enaltecê-los será enaltecer o Benfica. É redutor centrar em Cosme o Benfiquismo.
P.S. Obrigado a Vasco Sá Fernandes, o autor da iniciativa."
João Tomaz, in O Benfica
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