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quinta-feira, 2 de março de 2017

F(r)acções

"Pode-se fraccionar um todo. Há quem se divirta com isso. É como ter uma vaca e dizer que só tem lombo e que, desde cachaço a rabo mais nada há.
Diz a aritmética que uma fracção de 1 é inferior a 1 e que, estatisticamente, uma série longa pode dividir-se em percentis, decis ou quartis, assim se podendo escolher a amostra mais sedutora e conveniente 'ao momento' e 'à medida'.
No futebol, é habitual 'salamizar' o todo, em função de critérios clubísticos sobretudo o de ser 'primeiro'.
Acontece que a vida (de uma clube) é isso mesmo: uma vida. Qualquer partição do todo é discricionária, subjectiva e parcelar. De ora em vez, surge a do fraccionamento político: o Benfica, melhor no tempo do Estado Novo e o Porto, melhor no tempo da democracia. E, já agora, nos anos do PREC?
É como dizer dizer que o Real Madrid, em Espanha, e a Juventus (e Bolonha!), em Itália, eram os clubes do regime fascista. Valha-nos Deus!
Foi o Estado Novo que gerou Eusébio, Coluna, Simões, José Augusto e tantos outros jogadores? Foi o Estado Novo que permitiu ao Benfica ganhar 2 títulos europeus e chegar a mais 3 finais (e 5 em democracia)? E será que os últimos 3 campeonatos ganhos pelo Benfica valem menos para análise (democrática) por causa da 'troika'?
Não, o Benfica não é, nem foi o clube de qualquer regime. É afrontoso insinuar-se tal. Simplesmente é o maior clube, o mais popular, o mais vencedor (35 campeonatos e 25 Taças).
O Porto teve fases de hegemonia, mas não deixa de ser o segundo clube, ainda que à frente em títulos internacionais. Tudo o resto é fantasia fraccionada e mais ou menos dourada, mesmo com uma data virtual do parto do clube."

Bagão Félix, in A Bola

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