"Fernando Santos deu aulas de estratégia. Defensivo? Lembrem mudanças para... ganhar.
Campeões da Europa!!! Só uma pessoa sempre disse que isso ia acontecer (não mascaremos a verdade!). Felizmente, essa pessoa foi /é o treinador nacional, líder técnico e mental desta proeza.
Fernando Santos, o senhor convicção. Com extraordinária capacidade para unir 23 futebolistas, grudando-os, é o termo, titulares e suplentes, rumo a objectivo dito quimera: é agora, vamos conquistar a glória! Exemplo máximo: Ricardo Quaresma, esse enormíssimo talento habitualmente sob críticas de mau feitio, aceitou ficar no banco e entrar cheio de ganas para ajudar o colectivo e, se possível, decidir. Creio que, aqui, também houve forte marca do capitão Ronaldo, seu grande amigo desde do berço, no Sporting.
Fernando Santos mestre também a definir, mudando, estratégias e tácticas, sem perder essencial forte estrutura da equipa. «É muito difícil alguém ganhar a Portugal.» Foi... impossível. Estudou meticulosamente os trunfos de cada adversário. Bloqueou-os (vide Croácia de Modric, Rakitic, Mandzukic; País de Gales de Bale e... França que já tinha o título «no papo») e, depois, foi em busca da vitória.
Portugal nada Grécia-2004. Não se acantonou na defesa, não ficou à espera de ser feliz num pontapé de canto, ou livre, cruzado por alto. Deu aulas a defender com grande rigor, o que não é o mesmo que fazê-lo com muitos sempre na retaguarda. E lançou substituições... atacantes. Única excepção: Danilo ao lado de William nos derradeiros minutos do 3-3 com Hungria. Quanto Patrício 2 vezes foi batido por desvios de remate no corpo de colega...
Após decepcionante estreia (empate com Islândia), Fernando Santos lançou trio de início, frente à Áustria. Deveríamos ter ganho por 3 ou 4 (2 remates contra poste, inúmero desperdício). Frente à Croácia, chamou Quaresma, somando a Ronaldo e Nani, para... ganhar. E vejamos a final, em casa da França: primeiro, imediata e certeira reacção à perda de Ronaldo (!), virando 4x4x2 em 4x3x3, obviamente não mais defensivo... (controlou o poderoso meio-campo francês, pois Renato saiu da direita juntando-se a William e Adrien na zona central). Depois, ao sair Adrien, não entrou Danilo, médio de tracção atrás...; sim Moutinho, para melhorar organização e... saídas rumo ao ataque. E qual foi a última substituição? Renato por Éder, o nosso único puro... ponta de lança. Portugal não tremeu por ficar sem Ronaldo, soube bloquear favorotíssima França - e esta, quanto a mim, fez, na 1.ª parte, a sua melhor exibição no Europeu -, desgastou-a e... quis ganhar, não esperando pelas grandes penalidades.
Sorte? Sim, no golo islandês que nos atirou para o 3.º lugar do grupo. E no remate de Gignac contra poste (também remates portugueses esbarraram nos ferros). O oposto de sorte nos 3 claríssimos penalties não assinalados perante Croácia, Polónia e País de Gales, que poderiam ter aberto bem mais cedo o caminho do êxito. Sete jogos. A partir do terceiro, rendimento da nossa Selecção sempre a subir. Excelente na meia-final e na final. Não digam que foi sorte!
Opiniões há muitas. Eis as minhas... Selecção mais forte: Alemanha. Caiu na meia-final por não ter o ponta de lança Gomez e, sobretudo, traída por grosseiros erros individuais, oferecendo os dois golos.
Melhor equipa: a que foi capaz de ser campeã, Portugal.
Melhor treinador: Fernando Santos. De cátedra, deu aulas de estratégia! (e de como transmitir convicção). Alemão Low e italiano Conte têm de ser muito bons.
Pior treinador: Hodgson. Os bons jogadores ingleses mereciam comando técnico não tão ultrapassado...
Melhor jogador português: Rui Patrício, formidável! Tendo outro gigante, Pepe quase taco a taco. Patrício absolutamente decisivo. No voo para defesa naquele desempate! E como brilhou na final! Ele e Pepe estão, com Raphael e Ronaldo, no melhor onze para a UEFA.Onde alemão Boateng ao lado de Pepe é para rir... Esqueceram-se do italiano Bonucci! E do islandês Sigurdsson!
Revelação: Raphael Guerreiro. Ataca e defende em grande, estupenda técnica no pé esquerdo, preciosa nos dribles, nos cruzamentos, nos livres direitos. Muda-se para a Alemanha, o Dortmund soube antecipar-se.
Renato Sanches eleito o melhor jovem. Venha de lá quem vier, para ele é igual... Aos 18 anos!
Quem me surpreendeu: José Fonte. Titular no quarto jogo, não mais deixou de sê-lo, anulando pontas de lança de alta craveira com impressionante eficácia.
Muito forte destaque: Nani. Outro gigante: ganas, personalidade, golos e... número 1 em versatilidade táctica. Que campeonato fez!
Ronaldo: assumir em pleno o sacrifício de se tornar ponta de lança. Brilhante nos seus três golos (dois foram de outra galáxia!). E que senhor capitão! Injustíssima lesão mal começara a grande gala!"
Santos Neves, in A Bola
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