"Benfica e Sporting encontram-se, este domingo, no Estádio da Luz. As duas equipas defrontam-se em condições praticamente idênticas, se atendermos ao comportamento que têm tido nas primeiras jornadas da Liga: o Sporting recuperou dignidade futebolística e a sua personalidade, sobretudo com a chegada de Jesus e depois de Bruno de Carvalho ter aberto a torneira aos investimentos que tão indispensáveis se tornavam, enquanto o Benfica, depois de um início de época perdedor, conseguiu vencer a depressão e entrar de novo nos eixos. Antevê-se, pois, um certo equilíbrio de forças, num jogo em que Jesus volta à Luz, desta vez na pele de adversário, o que justifica atenção máxima, e num jogo ainda em que Bruno de Carvalho fica em casa, depois de nas últimas semanas ter servido veneno em doses extras, com o clube bicampeão nacional a fazer uma espécie de 'guerra surda'.
Tem-se verificado uma nítida desproporção na linguagem desportiva, com os responsáveis do Sporting a revelarem maior protagonismo no momento de abrir hostilidades e com o seu presidente a servir de porta-voz, por vezes com uma linguagem desfasada do cargo que ocupa, mas nem assim a conseguir arrastar o Benfica para o campo da batalha verbal. Apesar da tentação de responder à letra, Vieira adoptou uma táctica mais ponderada, deixando de lado o espalhafato das intervenções permanentes, mas, ainda assim, sendo provavelmente mais contundente - o processo a Jesus marcou a actualidade e mesmo o caso das prendas! aos árbitros foi reduzido a um 'fait -divers' pelo próprio presidente da Liga.
O que se percebe daqui é que o Benfica prefere resolver as diferenças no terreno de jogo e a mensagem codificada de Vieira passa como sendo um voto de confiança a Vitória para se impor a Jesus. Apesar de Jesus garantir que se sente confortável nestes ambientes, o que se verifica é que ele nunca sentiu o peso da hostilidade da Luz, sobretudo agora na pele de 'traidor'. A gestão dos 'silêncios' do Benfica permitiu ao próprio clube concentrar-se no essencial ou seja, ganhar, enquanto o Sporting abriu múltiplas frentes de batalha, competindo agora a Jesus blindar o grupo. Após o triunfo na Supertaça e caso consiga chegar a nova vitória, o seu fantasma continuará a incomodar."
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