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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

E vamos ao 'derby'!

"Benfica-Sporting. De imediato, fica tudo dito sobre emoções naturalmente à solta na mais histórica intensa rivalidade do futebol português (perdão; do desporto português, pois até foi muito via ciclismo - duelos José Maria Nicolau-Alfredo Trindade - que se desenvolveu para âmbito nacional, seja em que modalidade for, vide... matraquilhos).
Claro que o confronto do próximo domingo é dos mais especiais no longuíssimo, e saudavelmente excitante historial dos derbies. Vamos passar ao lado do perigosíssimo incêndio, tão perto de paiol de pólvora!, irracionalmente ateado e alastrado por dirigentes desde o início desta futebolística temporada. Jogadores e adeptos irão saber afastar-se de tão descabelado atiçar de ânimos, tal como o fizeram, há escassos dias, no disputadíssimo Benfica-Sporting em futsal.
O derby já bem à vista é dos mais especiais nos últimos anos apenas porque o Sporting parece ter dado grande passo para reencontro com a sua ancestral história de óbvio candidato ao título - e este título, tudo o indica, vai voltar, enfim!, a ser renhidamente discutido entre os nossos três gigantes. 
Claro que a sensacional transferência de Jorge Jesus é crucial no crescendo de ambição sportinguista. Sensacional mudança por se tratar do treinador bicampeão. Mas profissionalmente normalíssima, pois o Benfica não pretendeu a sua continuidade. Por isso, a esmagadora maioria nas bancadas da Luz deve receber Jorge Jesus como novo adversário, sim, mas sem esquecer o respeito absolutamente devido a quem liderou a equipa no reencontro com permanente discussão de títulos e... sua conquista (3 em 6 anos, mais Taças, Supertaça e consecutivas finais europeias; da soma de tudo isto, o Benfica há muito tinha intensa saudade). É fundamental ter boa memória. E absurdamente mesquinho seria benfiquistas caírem na esparrela de ver em Jorge Jesus um traidor!
Excitante derby. Importantíssimo para ambos. Ainda mais para o Benfica. Pela responsabilidade de estar em sua casa, pela oportunidade de ultrapassar o rival (se vier a vencer o jogo em atraso na Madeira) e, no outro polo, pelo risco de maior atraso, quiçá irrecuperável psicologicamente.
Muito mais à vontade o Sporting. Ganhando na Luz, que híper galvanização! Empatando, continuará à frente do Benfica (Bruno de Carvalho, ao seu estilo, avançou para incentivo perigoso!...: empate saber-lhe-á a derrota...). Perdendo, o Sporting não se debaterá com anormalidade (porque na Luz) e ficaria, na pior hipótese, a 3 pontos do FC Porto, talvez a 1 do Benfica.
Segundo derby da época. Também por aí - Sporting conquistou Supertaça Cândido de Oliveira -, maior pressão sobre o Benfica. Sendo gritante a diferença de circunstâncias face à final no Algarve: o Benfica chegava de desastrosa digressão americana que lhe demoliu planeamento de pré-temporada! Jorge Jesus tinha modelo de jogo, esquema tático e equipa já com muito razoável estrutura; Rui Vitória, no rescaldo de muito más, para não dizer péssimas, condições de treino, nem um onze pudera sequer erguer... Muito curiosa perspetiva para este domingo:
- Rui Vitória, grande adepto de 4-3-3, decerto manterá o 4-4-2 que, pelas características do plantel, sobretudo de Jonas, teve de preferir no Benfica...
- Jorge Jesus, único treinador em Portugal com sistemática opção por 4-4-2 nos últimos anos, talvez hesite em optar, na Luz, por 4-3-3... Muito provável decidir-se por ligeiro retoque no 4-4-2: William-Adrien (ou Aquilani) na base do meio campo, outro médio (João Mário) no flanco direito, Gelson na esquerda, em vez de Bryan Ruiz (preferência pela sua velocidade, explorando potencial dificuldade benfiquista para suprir lesão de Nélson Semedo) e, para próximo apoio ao imprescindível Slimani, talvez avance a argúcia de Aquilani rendendo o habitual Gutierrez...
Sim, o reforçado Sporting tem variedade de consistentes opções superior à do Benfica."

Santos Neves, in A Bola

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