"Por uma combinação de preservação da sanidade mental e da paixão pelo futebol, faço os possíveis por dedicar muito pouca atenção a questões de arbitragem e, menos ainda, a disputas de dirigentes. O futebol tem apenas três protagonistas - jogadores, técnicos e adeptos. Todos os outros ficam, na melhor das hipóteses, a meio caminho entre figurantes a actores secundários. Bem sei que dirigentes e árbitros fazem, demasiadas vezes, os possíveis por se tornarem figuras centrais. Com isso, só prejudicam o futebol. Por isso mesmo, é dever dos adeptos devolvê-los ao seu papel secundário.
Mas, esta semana, houve uma notícia breve que veio ter comigo e que achei curiosa. Na edição de quinta-feira de Record, uma fotografia com um caloroso abraço entre Inácio e Manuel Mota ilustrava um texto sobre as pazes feitas entre Sporting e o árbitro de Braga, Manuel Mota, que havia sido excomungado pelo Sporting em Dezembro de 2013, após um empate caseiro com o Nacional, ao ponto de nunca mais ter arbitrado um jogo dos leões, era agora, mais de um ano passado, recebido de braços abertos em Alvalade, quando regressava para um Sporting-Setúbal da Taça da Liga. Comovente.
O curioso é que Manuel Mota tinha, dois dias antes, praticado um acto verdadeiramente inovador como 4.º árbitro. A crer na primeira página do Record de terça-feira, o penálti marcado na Mata Real contra o Benfica não foi assinalado pelo inefável Bruno paixão (lá está, um dos que não perde uma oportunidade para ganhar protagonismo), nem pelo assistente do lado da jogada, mas, sim, imagine-se, pelo 4.º árbitro. Colocado exactamente do outro lado do campo. Mota teve a lucidez de vislumbrar a grande penalidade que os seus colegas não avistaram. Talvez tenha sido este novo papel para os 4.ºs árbitros que os dirigentes do Sporting tenham querido saudar. Nunca se sabe."
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