"Uma substituição é uma substituição, dir-se-á tautologicamente. Porém, nem sempre é assim, ainda que o acto de substituir seja, de forma, idêntico.
Detenho-me nas substituições nos derradeiros minutos de uma partida. Muda-se de atleta por variadas razões. Ou porque se magoou e esta contingência é independentemente do minuto em que aconteceu. Ou porque, feito o resultado, se quer poupar um indesejado cartão, tendo em vista o próximo desafio. Ou porque se quer dar uma primeira oportunidade (às vezes, a única) para uma estrela no plantel, para mais tarde recordar, pisando o relvado e nem sempre tocando na bola (recorrente na selecção nacional, para se dizer que se foi internacional...). Ou porque se quer queimar tempo e arrefecer o ímpeto adversário nos instantes finais (prática que bem acabaria com a cronometragem apenas do tempo jogado). Ou porque se quer defender um resultado com mais um calmeirão no autocarro perante o sôfrego chuveirinho da outra equipa. Ou porque se quer presentear uma exibição individual antes da apoteose colectiva. Ou - e é aqui que me quero deter um pouco - porque se mete um avançado para, em 60 ou 120 segundos, ser milagreiro e marcar um golo.
Não percebo a (in)utilidade desta substituição à la minuta. Ou faz-se mais cedo se nela acredita ou não se faz, até porque lá se vão mais uns segundos que o árbitro pode não compensar. Percebo (embora não goste) a substituição para destruir, para confundir, mas não a entendo para construir por escassos segundos. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o promissor Gonçalo Guedes em Paços de Ferreira. Sem resultado, como é regra."
Bagão Félix, in A Bola
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