"Sou um admirador de Lima. Um jogador que sabe, como poucos, aliar a sagacidade de um ponta-de-lança com inteligência táctica e grande disponibilidade física. Corre, corre, corre, pela direita, pela esquerda, ao meio, à frente, atrás. Sendo o melhor marcador encarnado é, também, o 1.º defesa do Benfica (a par do magnífico Rodrigo).
Mas é sobre os seus golos que escrevo estas linhas. Provavelmente bastaria ter sido ele a marcar os penalties e estaria no primeiro lugar da honrosa e motivadora Bola de Prata deste vosso jornal. Por isso, há duas falhas que ainda não digeri. A primeira em Barcelos, no último, por Cardozo que havia regressado à competição 15 minutos antes e depois de longa paragem. Jesus disse, então, que, nada de alterando, a hierarquia é Cardozo primeiro, depois Lima, finalmente Rodrigo (recorde-se que Lima há havia marcando um penalty neste lamacento jogo). Custou dois pontos. Na última jornada, Lima voltou a não marcar. A hierarquia foi para o maneta e o remate foi para Eduardo. Não censuro Rodrigo, que fez, aliás, um excelente jogo e está em plena forma. Felizmente desta vez não custou pontos. Mas custa-me a perceber que não tenha sido Lima a marcar. Ele que tem sido letal da marca de grande penalidade, por regra sereno de espírito e seco de remate. Pode haver razões que não vislumbremos. Mas não compreendo que momentos decisivos nestas últimas jornadas possam ser aferidos, ainda que respeitavelmente, por outros critérios pessoais, afectivos, compensatórios, etc. Em suma: a prioridade deve ser para Pé de laranja (cor das chuteiras) Lima. Como no romance juvenil de Mauro Vasconcelos."
Bagão Félix, in A Bola
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