"Tal como tem acontecido ao longo dos últimos trinta anos, o Campeonato desta época está naturalmente armadilhado. Talvez mesmo mais armadilhado do que nunca, visto que há nítida falta de dinheiro para os arredores da Madalena e Contumil e, assim sendo, é preciso não correr riscos desnecessários. Significa isto que nenhum optimismo é válido. Ser melhor não basta, ser mais forte não conta. Do lado de lá da fronteira da seriedade preparam-se as tranquibérnias.
Valerá tudo! Mas tudo mesmo! E os homenzinhos-de-cócoras, anões morais neste circo governado por um palhaço, farão alegremente o seu papel submisso e desequilibrador. Quem tomou as oligofrénicas declarações do Cabeça-de-Unto por mera bazófia de alguém que se sentiu de repente no centro do Mundo, desengane-se. Estava lá tudo. Sobretudo as ameaças. A figurinha acha-se acima da lei e assume-se como um regulador do Universo. Fará justiça pelas próprias mãos, castigará aqueles que se atreveram a negar a sua competência, fará o favor aos adeptos de arrastar com Direcções de clubes que investem mais do que aquilo que ele entende proporcionado, voltará a beneficiar escandalosamente aqueles que são responsáveis pela sua tão súbita quanto bacoca ascensão. Que fazer?, perguntarão aqueles que têm paciência para me ler. A resposta não é fácil, é mesmo quase impossível. Talvez exija medidas muito drásticas. É fundamental denunciar. Apontar a dedo os ladrões na rua. A grande virtude deles é a absoluta falta de vergonha!
P.S. - Parece que o cúmulo da fina ironia é uma messalina levar o seu machão para casar numa terra chamada Touros..."
Afonso de Melo, in O Benfica
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