"Aí estão os Jogos Olímpicos (JO) de Londres. Sempre me fascinou este planetário evento desportivo. Não tanto pela exuberância do betão e pelo incitamento de todas as formas de marketing, mas pela festa humana e pelo ecletismo desportivo. Lembro-me da sofreguidão com que lia no jornal os resultados dos primeiros jogos do que tenho memória (Roma, 1960) e de como vibrei com a prata dos irmãos Quina em vela. Ou da primeira integral cobertura televisiva na Cidade do México (1968) onde Dick Fosbury imortalizou o 'flop' como nova técnica para o salto em altura que foi substituindo a do rolamento ventral.
Na sua origem e conforme os documentos oficiais «o Olimpismo (...) combina de forma equilibrada as qualidades do corpo, da vontade e do espírito. Aliando o desporto à cultura e educação, o Olimpismo é criador de um estilo de vida fundado no prazer do esforço, no valor educativo do bom exemplo e no respeito pelos princípios éticos fundamentais universais».
Os JO são um lugar de encontro universal, agora regressado a uma cidade também ela universal. E um tempo para o desporto como espaço de ética intensiva. Do espírito de fair play, decência, integridade, lealdade, exemplaridade, disciplina, solidariedade, autenticidade e orgulho de pertença.
Para mim, JO são, em primeiro lugar, atletismo, ginástica e outros desportos pouco vistos (e que bom seria se comentados com a preocupação de ensinar as regras que a maioria desconhece). Outros, como o futebol e o ténis (e não só) estão a mais, abastardando o espírito olímpico com critérios abstrusos de selecção e de hiperprofissionalismo dos atletas."
Bagão Félix, in A Bola
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