"Cardozo tem a supina ousadia de fazer bem algo que se pode medir em números. Marcar golos é uma daquelas coisas objectivas, substantivas, que tanto irritam a cultura lusitana, a cultura de quem busca o adjectivo fácil. Isso, nos dias que correm, é uma ousadia. A eficácia de Cardozo não se compadece com a retórica. Está simplesmente lá, manifesta-se de forma simples e limpa. É uma eficácia que se pode quantificar em golos, à qual se pode atribuir um número. A Cardozo não se atribuiu o nome de um qualquer super-herói da BD, deram-lhe o cognome paraguaio de uma vara alta e desajeitada ao sabor do vento. E lá vai Cardozo conseguindo sobreviver entre paradoxos: quanto mais golos marca, mais criticado é; quantos mais sorrisos de alegria provoca com os seus golos, mais insistem os relatadores radiofónicos em acentuar o facto de sorrir pouco e parecer sempre triste; quanto mais substantivo é o seu jogo, mais adjectivo e redondo se constrói o coro das críticas. Objectivamente, Cardozo é um bom ponta de lança porque marca muitos golos.
Mutatis mutandis, passamos para o reino da subjectividade. Para agrado do Chelsea, que costuma jogar em tons de azul, Proença, diz-se, apitará a próxima final da Champions. Essa anunciada nomeação não branqueia nem mascara tudo o que de pernicioso esse árbitro tem feito ao futebol nacional. Da mesma forma que as conquistas internacionais da Juventus não permitem que se escamoteie o que de sujo aquele clube fez em Itália. Tal como as conquistas internacionais do FCP não permitem limpar a nódoa do que se ouviu nas escutas do Apito Dourado. A ser o Proença a apitar a dita final, confirma-se apenas como o sucessor de Garrido… com tudo o que esta sucessão encerra."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica
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