"O jogo que o Benfica venceu no Estádio Marcolino de Castro, distanciando-se da Liga, fez-me lembrar uma série de crónicas de Raul Solnado nas quais tive a feliz oportunidade de colaborar. O paralelo entre o jogo da Feira e as crónicas da Abrolha - a terreola imaginária desses sketches do Solnado - é que nestas também havia uma espécie de estádio. E em dado episódio, a Junta de Freguesia, propunha-se mesmo levar para a aldeia a final da Taça. O filho do presidente da Junta mexia os cordelinhos em intermináveis conversas telefónicas.
«O campo do Abrolha é um bocado inclinado, mas como as equipas mudam ao intervalo também não há problema: cada uma joga 45 minutos a subir e outros 45 minutos a descer. O relvado tem alguns buracos, mas o queijo suíço também tem e ninguém se queixa. Vai da baliza encostada ao muro do cemitério, à outra que dá para o quintal da casa do meu pai, o Benevides, presidente da Junta. Ele até já deu autorização ao nosso guarda-redes para tomar balanço no quintal para marcar os pontapés de baliza.
«Bancadas? Temos um talude que dá aí para umas duas mil pessoas. E a gente até está a pensar pôr uns rolos de arame farpado para os adeptos não caírem para o campo. E mais uns 500 lugares nas varandas, para as claques se sentirem em família. Mas como a televisão vai transmitir o jogo não são precisos mais lugares. É preciso é arranjar lugar para a televisão para que se veja alguma coisa de jeito.»
O que não passava pela cabeça de ninguém, nem mesmo para uma história do Solnado, era a figura de um jogador que marcou um golo para cada lado e depois fez um penálti para desempatar. Coisas da Abrolha. Como um galo de barro a depenar um dragão."
João Paulo Almeida, in O Benfica
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