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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O triunfo da espetacularidade


"Com o futebol defensivo e calculista em voga, o Benfica demonstrou ser possível conquistar títulos com um futebol vistoso

No futebol moderno havia quem defendesse que era melhor jogar mal e ganhar do que o contrário. O argumento era reforçado pelo mediatismo do Campeonato italiano, considerado o melhor do mundo durante as décadas de 1980 e de 1990, em que as equipas privilegiavam sistemas ultradefensivos.
O Benfica praticava o imenso. Na temporada 1989/90, encantou pela sua qualidade, mas terminou sem conquistar qualquer título. No início da época seguinte, a imprensa questionava-se que versão iriam os encarnados apresentar: 'O Benfica do ano passado, bonito, elegante, falho de combatividade, (...) ou, então, um novo Benfica, mentalizado para lutar, até ao fim, pelo resultado'.
Se havia algum tipo de dúvida em relação a qual estratégia o Benfica iria adoptar, ficou dissipada na sua estreia para o Campeonato Nacional. O treinador Eriksson era adepto confesso da espetacularidade. Na deslocação ao Minho, os benfiquistas responderam de forma convincente: 'O Benfica ganhava a bola com frequência e relativa facilidade, atacava mais vezes, pressionava mais a defensiva contrária, fazia da velocidade suporte das suas investidas atacantes'. Ganhou por 2-0, triunfo que, dada a superioridade evidenciava, nunca esteve em causa. As jornadas seguintes seguiram a mesma linha exibicional, os benfiquistas iam somando triunfos e entusiasmando os adeptos.
Na 5.ª jornada, o Boavista travou essa série vitoriosa, com as equipas e empatarem a uma bola. A estratégia dos axadrezados surpreendeu, pois, frente as Sporting e ao FC Porto, 'apresentou uma filosofia completamente diferente jogando aberto', mas perante os encarnados 'fez marcha-atrás e jogou com um bem armadilhado sistema defensivo'. O sucesso dessa estratégia fez com que fosse replicada pelos adversários seguintes. No entanto, os benfiquistas não abdicaram das suas ideias e conseguiram superar esse sistema, alcançado uma nova série de vitórias.
Na 10.ª jornada, o Vitória FC, no seu reduto, jogou bastante recuado no terreno e imprimiu agressividade excessiva nas disputar de bola. Consequentemente, 'ao cabo dos primeiros 36 minutos, o Benfica deixou de dispor de três titulares, ficando a equipa reduzida a dez unidades'. Bastante fragilizados, os encarnados acabaram derrotados por 2-0. No final do encontro, os dirigentes benfiquistas estavam furiosos com a arbitragem: 'Lamento que o árbitro tenha permitido tanta dureza'.
As grandes equipas revelam-se nos momentos difíceis, e os encarnados responderam da melhor forma. Continuaram a deslumbrar e, nas 28 jornadas seguintes, somaram 24 triunfos e 4 empates. Sagraram-se campeões nacionais e alcançaram marcas brilhantes: 'Maior número de vitórias em casa e fora, 16, em ambos os casos únicos clube imbatível em casa - 19 J = 16 V - 3E: maior número de vitórias consecutivas - 12; maior rendimento (pontos ganhos/pontos em disputa) - 90,8%'.
Saiba mais sobre as vitórias do Clube na área 6 - Campeões Sempre, no Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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